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D. CEGONHA E A BICHARADA DA LEZÍRIA

 
D. CEGONHA E A BICHARADA DA LEZÍRIA
 
(CONTINUAÇÃO DO CONTO "D. CEGONHA" DE ROSAFOGO
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=115298)


“O melhor, D. Cegonha”,
-Diz-lhe a avisada Coruja,
“É esperar que a noite ponha
A lavar a roupa suja…

E amanhã, quando for dia,
Então volte a procurar
Comida da mais sadia,
Mas nunca no doce lar

Onde os meus meninos dormem
Tão lindos, que até dá gosto!
Além disso, o que eles comem
Põe qualquer um mal disposto!

Por isso, querida prima,
Vá pra longe, não se tente!
Se me tem alguma estima,
Não lhes aferre o seu dente!...”



E a noite passou, coitada,,
Em escuras roupas de lã
Que lavou na madrugada
E pôs ao sol, de manhã…

Outro dia noves fora
E a Cegonha a sentir
A barriga a dar a hora
E nenhum bicho a bulir…

Cá em baixo, na lezíria
Fizeram todos feriado,
Nem o Sr. Falcão saíra
Com medo de ser caçado…

O pior é que assim
Instalou-se a epidemia:
No ninho, mata ou jardim,
A fome, que dores fazia!!

“-Isto assim não pode ser!”
Gritou o compadre Sapo.
“Algum modo deve haver
De enchermos todos o papo

Sem entrarmos em guerra feia,
Que todos somos amigos!
Proponho uma assembleia,
Saiam já dos seus abrigos!”



Lá vieram, um a um:
O Coelho a pé-coxinho:
(Tinha dado um catrapum
E agora estava manquinho…)

A Cegonha, a segurar
Um bebé tão rosadinho:
(Qu’inda tinha que entregar
Lá prá tarde, bem cedinho!...)

O Sapo, a espirrar,
Que se tinha constipado:
(É nisto que dá nadar
Na água fria, coitado!...)

A Libelinha, a esfregar
Os olhos cheios de sono:
(Passara a noite a caçar
Azeda mosca sem dono…)

A Cigarra, a cantar
Cantigas de mal-dizer:
(Por a Doninha espalhar
Perfumes de mau-feder…)

O Rato, a complicar
E a querer roer a corda:
(Dizia que a falar
Não é que a gente engorda!..)

Mas…

Todos juntos, numa roda,
Decidiram a questão…
Criaram uma nova moda:
Cada um come só pão!

Para isso, mãos à obra,
Há que plantar pra comer,
E até a dona Cobra
A ceifar foi aprender…

Depois disso, na lezíria,
Ninguém come o vizinho!
Juro que não é mentira!
E até brindam com vinho!!!


Teresa Teixeira


Agradeço a rosafogo, de quem tomei, por brincadeira, o desafio de a desafiar...
 
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Sterea
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Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 18/01/2010 15:35  Atualizado: 18/01/2010 15:35
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: D. CEGONHA E A BICHARADA DA LEZÍRIA
Completou bonitinho o que a Rosa começou! Gostei muito.
bj.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 18/01/2010 17:52  Atualizado: 18/01/2010 17:52
 Re: D. CEGONHA E A BICHARADA DA LEZÍRIA
Não existem só crianças Teresa. Eu também me deixo encantar pelas palavras e já sou quase adulto.
Infelizmente as crianças dos nossos dias têm pouco tempo para aprender a viver a infância. O mundo reclama adultos e rapidamente os passa a velhos, inaptos para o trabalho.
Mas a culpa é de nós todos.
Gostei imenso desta marca da Sterea neste poema da Rosa, esta Senhora merece tudo de bom.
Beijo Teresa.

Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 19/01/2010 01:19  Atualizado: 19/01/2010 01:21
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10799
 Re: D. CEGONHA E A BICHARADA DA LEZÍRIA
AH! Que mavarilhada estou
Mas só agora aqui cheguei
Será que da comida sobrou?
É que com fome fiquei...

Mas que grande reboliço
Logo eu estava engripada
Senão tinha trazido chouriço
Que pão sózinho é nada...

Minha Poeta cantadeira
Não te ficas sem resposta
Claro à minha maneira...
Mas a criançada gosta!?

Linda, adorei, sem dúvida que tu é que tens jeito,
mas olha é uma boa maneira de nos divertirmos.
Amanhã ao almoço já tens mais leitores aqui em
casa.

Aos nossos amigos que comentaram, também o meu
agradecimento, pelas palavras que me através de ti
me deixam, são sempre palavras calorosas, que eu não sei se mereço.

Grata pela tua amizade, foi óptimo e lindo, estou
pasmada da facilidade com que engendraste a confusão, belo terminar da história.
Creio que qualquer criança ía adorar, a bicharada
talvez por nascer no campo, sempre me atraiu,
convivi com eles sou quase como irmã.

Olha amiga desculpa não ter vindo logo, mas esta gripe azedou-me mesmo, e não há meio de me ver livre dela.

beijinho
rosa