Quando amanhã o sol clarear,
Digo aqui prós meus botões
Cecília não vale a pena chatear
Vive a vida mesmo sem tostões
Este mundo está para os burlões
E, para quem não quer trabalhar!
"Aos senhores lá de cima,
esses tais que dão as ordens.
Calem-se...calem-se!C'o as vossas rimas,
vistam-se de outras folhagens".
A mim pouco me importa,
podem levar a bicicleta.
Vou batendo de porta em porta,
c'o a minha lábia de poeta.
Enquanto a vida não me decreta,
que não vivo sem a nota.
"Aos senhores lá de cima,
esses tais que dão as ordens.
Calem-se...calem-se!C'o as vossas rimas,
vistam-se de outras folhagens".
E porque não me acerva a colina,
aquela, da vossa criação...
Em que o povo chora, lastima,
na dura prosa, sem rima...
Pois do verso não há inspiração,
só uma simples palavra fransina.
"Aos senhores lá de cima,
esses tais que dão as ordens.
Calem-se...calem-se!C'o as vossas rimas,
vistam-se de outras folhagens".
Eu já cansei desta viagem,
cansei, de tanto reclamar.
Vou seguindo nesta roupagem,
e num vertiginoso olhar,
esperançoso, meu futurar,
que não seja apenas miragem!
"Aos senhores lá de cima,
esses tais que dão as ordens.
Calem-se...calem-se!C'o as vossas rimas,
vistam-se de outras folhagens".
Sou de poucas ou de muitas
já nem sei de que palavras sou
não sou dada a muitas críticas
mas que raios!A paciência esgotou!
No papel, o que a mente notou.
Palavras, comedidas e "apolíticas"
"E aos senhores lá de cima,
esses tais que dão as ordens.
Calem-se...calem-se!C'o as vossas rimas,
vistam-se de outras folhagens".
Hipocrisia e derrapagens...?
Farto, o povo das vossas clinas !
Os burros continuam mandando...
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência!
António Aleixo
Cecília Rodrigues
2007