Rabisco palavras, para quebrar a minha solidão e acompanhar-te, na solidão das tuas noites.
Rasuro, na busca da perfeição, nesta onda gigante que a alma agita como um poeta que não rima.
Faço isso, porque quero ser a chama que arde trémula na tua fogueira, porque quero ser a companhia, que mesmo à distância te acalma.
Adivinho-te, unicamente pelo instinto, pelo sabor que provo no vento, esse gosto teu que me toca, momento raro em que me entregas a verdadeira essência de ti.
Desenho-te na minha imaginação, sei-te de cór, como se algum dia já tivesses sido meu. Como se as minhas mãos te tivessem já tocado, os meus braços abraçado e os meus lábios... beijado.
Invento-te enquanto é dia, para que à noite, sejas real nos meus sonhos.
Vou-te escrevendo, mesmo sabendo que podes não me ler, mesmo sabendo que não me sentes, ainda assim, continuo a escrever com todas as metáforas que conheço, esculpindo cada palavra e injectando em cada uma delas, o sentir, que reluz como uma pérola.
E tu, distraído, olhando o mundo passar lá fora, viraste-te para mim e perguntas:
- Sou eu?
Ao que eu respondo:
- Claro que és tu, tu mesmo, que neste momento, descobres nas minhas palavras, os sentimentos e nas minhas metáforas, a verdade que procuravas.
- Utopia, perguntas?
O que não é utópico? Respondo eu!
Mesmo o que te parece real poderá sê-lo, se deixarmos de acreditar que é real.
Luz&Sombra