Prédios coloridos de varandas curtas
Tão formais e belos quanto vadios
Era vosso o silêncio nas marchas e lutas
Como o era o fado que escapava dos navios
As castanhas e verdes colinas recordadas
Apenas pelo tempo que as viveu
Têm agora no amarelo e rosa das fachadas
A esperança colorida de quem as ergueu
E se é mais alto o relevo quando humano
Por muito pequena que seja a diferença
Foi porque a tragédia não tornou profano
O ímpeto fálico da crença
Lisboa também és Tejo e mar
Aí se revelaram teus olhos portugueses
Teu olhar engrandeceu o verbo navegar
Em caravelas esbugalhadas até mares chineses
Mas apesar de toda a tua nobreza costeira
Gosto mais da tua beleza interior
Dos sítios onde as mesinhas de cabeceira
Amortecem as mãos no despertador
E então muitas vidas são lançadas
Em escritórios, lojas e na própria rua
Fazem fila as tarefas mal começadas
Que a vida de agora continua