Murmuro tão perplexo quando escuto
A voz de um trovador que desanima,
Enquanto em vida houver, amor e estima,
Jamais nos vencerá, temor mais bruto,
A velha poesia anda de luto,
Por vezes esquecida, se lastima
E quando relembrada, assim por cima,
Apodrecem decerto cada fruto.
Não vejo mais saída para quem
Durante a vida passa e nunca vem
Ouvir de um bardo o som do violão,
A sacra melodia se perdendo,
E o tempo de viver, simples adendo
Matando o que sobrou no coração...
Marcos Loures