Há tanto murmúrio ao redor
Mas, meus pensamentos vagueiam
perdidos, em uma estranha rota
que conduz ao devaneio, os solitários
As folhas de amendoeira dançam no ar
Em um sussurrar contínuo - moldo contínuo
Como em uma canção de Mendelssohn
Sem palavras e sem gestos, falam por si
Os versos escorrem nas trêmulas mãos
Sem rimas, métricas, sem apego às normas
E tal como as folhas e as palavras, a vida segue
A esperar estou, no compasso do tempo, para ouvir tua voz
E o doce perfume da "dama da noite" no vento
O mar, a maré em suave remanso na areia
A caminhada noturna, grilos e vagalumes,
Os momentos breves, mas profundos...
A memória desperta e qual o ritmo de uma onda
Vai e retorna, trazendo as conchas
Nas quais ouço o murmúrio do mar, do tempo
A viva lembrança dos cantos, dos momentos...
Feito outrora nos dias de luar
Meu corpo trêmulo a suar
Teu corpo esguio a dançar
Na alegre melodia do amor...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em Dezembro de 1980.