Prosas Poéticas : 

FIRME NO MEU POSTO

 
sentei-me no arbusto do nada e esperei pelas horas vadias que circulavam nas serras, defronte ao mar onde habito. questionei as folhas que iam caindo, como tentando abranger o vulcão silenciado do outro lado da margem. não me deu resposta, tão pouco o tempo que também questionei. a águia no seu balanço acenou-me a asa e voou no seu jeito leve e apressado de tentar a pressa fácil e eu continuei na espera, erma e hirta no suposto. veio a lua e o sobressalto que também me negou a resposta e mesmo as madressilvas se esgueiraram á mesma.por instantes vi duas luzes aproximando o caminho e vislumbrei o mocho. disse-me na verdade que era escusado a espera, pois não carecia de resposta dada. ela encontrava-se no peito, no meu peito, bem guardada entre o diafragma e o avesso de mim. disse-me igualmente que as pedras tinham o seu caminho, sem névoa a amedrontar-lhe o espaço. fiquei de novo só, mas com a certeza de me sentir firme no meu posto, como suor ancestral de peregrina onde a verdade era inteira e sem horas a questionar.

Eduarda






 
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eduardas
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