Ser como um caracol tal como
a grande nebulosa de Andrômeda
um pequeno grão de areia
que pode virar um castelo
Ou um asteróide opaco
que pode vir a se tornar
uma estrela, orbitar um sol,
e brilhar até fenecer...
Alguma vez já paraste
para observar o caramujo
e as voltas que faz em torno
do seu centro de gravidade?
Já viste uma foto de Andrômeda?
E as constelações - estrelas,
planetas, asteróides girando
em grande espiral até o seu âmago?
Já notaste as crianças na praia
construindo castelos de areia
e os seus mundos de fantasias
e abrindo-se ao vento, mar e céu?
Já olhaste um asteróide
a riscar o horizonte e a beleza
de sua marca de giz na atmosfera
e a fuga dos campos estelares?
Todas estas coisas são belas, singelas,
que nos tocam, em profundidade e dimensão,
importante é palpá-las, senti-las, percebê-las
vem do mais puro silêncio e introspecção
Todos partem de uma fertilização
quer nasçam no oceano, mar, rio,
ribeirão, pântano, lago ou mangue
savanas, estepes, campos, desertos.
Amarelos, negros, brancos e mestiços
as formas humanas são idênticas
- inda que a genética defina os traços físicos -
de nossa singularidade, diversidade...
Em qualquer canto do globo,
a marcha é difícil: revoluções,
guerrilhas, terrorismo, tóxicos,
prostituição, corrupção...
E passar acima da fome que aflige a tantos
E bradar, e lutar com a espada das letras: caneta
E escrever sem temer o impacto dos versos,
E contar estórias, prosas, testemunhos de vida.
Tudo isto, para levantar
sacudir esta poeira
E dar a volta por cima...
nas palavras do compositor Vanzollini.
Pois, somos mais que grupos de pessoas,
étnicos, nacionalidades, interesses, religiões,
Somos a essência da própria criação
E, por isso, esta oportunidade é única...
Qual seja a de viver
a vida em sua plenitude!
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em maio de 1980.