Sentado à mesa de um bar mal iluminado
Diante de um uísque com gelo
Vejo as mariposas rodopiarem na pista
Meio embriagadas e dormentes.
Procuram o aconchego da noite
Entre apertões insinuantes.
Acompanhado com o meu drama
Revendo o presente que ainda me magoa
Reflicto…
Não é medo o que sentes…
É covardia!
Analisando profundamente a tua personalidade
Tento entender o teu desvairado desdém.
Chego à misérrima conclusão
Que nunca serias homem para mim…
Pior! Nem para ninguém!
Agora entendo claramente o teu olhar
Leviano e sedutor
Quando te deliciavas a provocar-me,
Imaginando-me teu…
Querias provar
O quantos eras macho de verdade!
Que tinhas coragem
Diante do fruto apetecido
De recusar –
Pois só uma mulher
Teria capacidade para te amar!
Como és fraco…
Fui estúpido. Enganei-me…
Não passas dum coitado qualquer
Acorrentado aos grilhões
De uma educação ignara!
Desculpa…
Mas como podia eu saber
Que dentro da mesma capoeira
Eras tu a ave rara!
António Casado
3 Setembro 1984
Revisto para o Luso Poemas