Era noite de lua cheia. Biba o esquilo lenhador, decidiu deixar a sua casota da árvore e ir ver o planeta luminoso mais de perto. Como tudo era tão bonito e romântico á claridade da lua. Um jovem casal de Cisnes, que namoram ao fundo do lago, chamou a atenção do esquilo.
Por breves instantes, veio-lhe á memória os seus tempos de escola, quando andava enamorado da sua colega, uma bonita castora de olhos grandes, rasgados e pestanudos. A recordação, fez soltar dos seus olhitos, uma pequena lágrima, que se alojou no seu focinho. Nesse tempo, o Mocho Sabichão, era o professor da escola, pensou ele.
Biba nunca esqueceu a sua paixão por Hortense e guardava consigo um sonho:
Poder reencontrá-la de novo. Mas isso era pouco provável, senão mesmo quase de todo impossível. A sua amiga antes de terminar a escola, foi morar para parte incerta e ninguém sabe ao certo, onde se encontra. Uma coruja que voava naquele momento, piou e o esquilo teve um pensamento:
Porque não ir visitar o seu antigo professor, o Mocho Sabichão? Talvez quem sabe, se ele não saberá qualquer coisa sobre o paradeiro da sua antiga amiga de infância? Afinal tinha sido o professor de ambos.
Entusiasmado pela ideia, lá seguiu encantado da vida, tendo a sua silhueta por companhia.
Não foi muito difícil de encontrar o Mocho Sabichão. Estava dormitando na velha árvore dos seus antepassados.
-Boa noite Professor! - Respondeu Biba, reparando que o Mocho tinha um dos seus olhos fechados.
-Queres matar-me de susto rapaz?
– Peço desculpa, mas como a noite está muito bonita, resolvi fazer-lhe uma visita e se me permitir, também uma pergunta. O Mocho Sabichão, ficava sempre muito contente, quando alguém lhe solicitava conselhos ou mesmo fazia perguntas. Depois de ouvir com interesse Biba, o professor foi respondendo:
-Recordo-me desse tempo rapaz! A moça chamava-se Hortense e era irmã do Castor Horácio. Foi pena que tivesse que abandonar a Floresta conjuntamente com os seus pais na altura. Segundo se soube, foram á procura de uma vida melhor.
O irmão de Hortense, Horácio pelos vistos, não lhe agradou a ideia de deixar a Floresta Encantada e ir também com os seus pais. Até mesmo o irmão, não sabe o paradeiro neste momento dos seus pais, é por isso que anda sempre muito triste e abatido. Pobre do rapaz!
-Tenho imensa pena de não te poder ajudar, Biba, mas não sei o que mais te dizer- Respondeu o velho mocho.
Dito isto, uma coruja cusca que ouvia a conversa, decidiu meter-se na conversa:
- Porque não procuram ao Castor Henrique, que é o carteiro aqui da Floresta, se sabe o endereço da Castora Hortense, ou dos seus pais? Um destes dias, andava eu a cuscar por aquelas bandas e ouvi o carteiro Henrique falar dessa família, sinal que deve saber de alguma coisa, não é verdade?
O Professor não gostou nada que a coruja se tivesse intrometido na conversa dos dois, mas acabou por reconhecer, que a bisbilhotice daquela ave, ajudou a procurar pistas sobre o assunto. Também ele se mostrou interessado em saber mais qualquer coisa sobre Hortense pelo que prometeu, no dia seguinte acompanhar o esquilo Biba, na conversa a ter com o carteiro. Afinal de contas, o Mocho confessou ter grande interesse e simpatia pela sua ex. aluna.
A bisbilhoteira da coruja tinha razão! No dia seguinte, quando Biba e o Professor falaram com Henrique o carteiro, ficaram a saber, que Hortense estava na Austrália com os seus pais e muito em breve iria regressar á Floresta Encantada. Os pais de Hortense tinham escrito ao irmão desta a contar a novidade. A floresta onde procuraram organizar as suas vidas, não lhes oferecia qualquer segurança, nem qualquer futuro, estava a ser devastada pelo fogo.
A maioria dos animais tiveram de procurar abrigo noutros lugares, para fugir á propagação dos fogos. Além disso, os pais de Hortense, tinham um motivo forte para regressar á sua terra natal; ansiedade e matar saudades do seu filho Horácio.
Biba com certeza também estava muito feliz. Afinal tinha um sonho, que muito em breve iria ser concretizado.
GABRIEL REIS