Tirem-me a carruagem de fogo;
As pratas que trago nos cabelos...
Ceguem meus olhos e os espelhos
Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele não nasce o dia:
Sem ele sou apenas uma pedra fria!
Tirem-me a graça e todo o colorido;
O rubro ourado das manhãs de auroras;
As gameleiras, laranjeiras e as alterosas,
Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele, ai de mim! Não sobrevivo:
Sem ele sou apenas um grão de trigo!
Tirem-me, dos céus, os astros e os planetas,
Os cometas, as galáxias e o meu coração;
O meu juízo e o pouco da minha razão,
Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele minha casa é cinza e feia:
Sem ele sou apenas um grão de areia!
Tirem-me a poesia e todo o meu mundo;
As baunilhas e as hortelãs silvestres;
Que nunca mais raie a abóbada celeste!...
Mas não me tirem o meu amor,
Pois sem ele não sou homem, sou lodo:
Sem ele... Sem ele... Eu morro!
Gyl Ferrys