AO AMIGO HILTON LUIZ ARALDI, PARCEIRO DE ESTUDOS GAUCHESCOS
Paulo Monteiro
Certa feita, perguntei ao poeta passo-fundense Vasco Mello Leiria, Capitão Caraguatá, sobre Juca Ruivo. Recebi como resposta um lacônico:
– “Era um tipo estranho que vivia pelos fundos das fazendas medindo terras...”
A afirmação do velho conterrâneo martelou minha cabeça durante três décadas. A explicação para a hermética resposta somente encontrei após ler “Tradição”, o único livro de Juca Ruivo, cuja primeira edição foi publicada em 1957, pela Editora Globo, de Porto Alegre, sob o patrocínio do Centro de Tradições Gaúchas Minuano, de Iraí. Em 1985 saiu a segunda edição, graças aos esforços dos tradicionalistas Juarês Luís Gaspari e Alcides André Moraes, com um prefácio crítico-biográfico de José Alberto Barbosa e três novos poemas: “As Últimas Vontades” (1966); “Últimos Poemas” (1969) e “Tavico” (1972). Em 2002, José Isaac Pilatti e José Alberto Barbosa, que revisou e organizou a biografia e a bibliografia, lançaram, em Santa Catarina, a terceira edição do livro. A quarta edição, organizada por José Isaac Pilati, com a colaboração de José Alberto Barbosa e João Batista Marçal, saiu em 2004, sob o selo da Fundação José Arthur Boiteaux, de Florianópolis, Estado de Santa Catarina.
Lendo e relendo a quarta edição do único livro de Juca Ruivo, encontrei a resposta para o laconismo de Vasco Mello Leiria, conhecido oficial da Brigada Militar: a participação do poeta quaraiense, sob o comando do general libertador Honório Lemes, na Revolução de 23; seu envolvimento em tentativas revolucionárias posteriores e, mais tarde, conforme testemunho de Hugo Ramírez, idealizador da Estância da Poesia Crioula, sua militância ou simpatia com o Partido Comunista Brasileiro – PCB.
1. A Infância
Juca Ruivo nasceu José da Silva Leal Filho, em Garupá, de onde se avista o famoso Morro do Jarau, em Quaraí, no dia 22 de fevereiro de 1902. Seu pai, José da Silva Leal, são-gabrielense, era escrivão em Quaraí, depois gerente de banco no Alegrete e proprietário rural no Caverá. Sua mãe, Adolphina Schmiht Leal, era alegretense. Diz-se que Juca Ruivo foi registrado no Alegrete. O poeta contava que nasceu em 29 de fevereiro de 2004 e que o avô paterno, supersticioso, fez alterar a data de nascimento para coincidir com o aniversário de George Washington e evitar a coincidência do ano bissexto. Entretanto, segundo certidão de batismo obtida pelo biógrafo José Alberto Barbosa, o poeta nasceu, de fato, em 1902. Desde pequeno recebeu o apelido de Juca Ruivo porque tinha cabelos castanhos-claros.
Seus pais eram maragatos, adeptos do Partido Federalista, que liderou a Revolução de 93. Seguramente, cresceu ouvindo a famosa máxima de Gaspar da Silveira Martins: “Idéias não são metais que se fundem”. Daí que, aos 21 anos, tudo abandona para inscrever-se nas tropas de Honório Lemes, cognominado “Leão do Caverá”, sob cujas ordens serviu no posto de tenente. As idéias radicais sob as quais o poeta se formou, são lembradas no poema intitulado “A Esperança”:
Quando chegar esse tempo,
pelos galpões das estâncias,
se ouvirão as ressonâncias
das cordeonas melodiosas.
Nas ramadas silenciosas,
reviverão as porfias.
No balcão das pulperias,
haverá canha bem pura
pra afogar as amarguras
e saudar as alegrias!
O guasca terá de novo
seus redomões e tropilhas.
Pelo topo das coxilhas
o gado pastará em pontas.
Ninguém mais andará às tontas
fugindo da autoridade.
E em vez da calamidade
desta vida de carancho,
cada um terá seu rancho
e plata e carne à vontade!
E quando o poncho dos pobres
luzir pelo céu bendito,
por todo o pampa infinito
haverá frescas ramadas,
pra se dormir as sesteadas
nos mormaços de verão.
Haverá em cada galpão,
um fogo reconfortante,
pra aquentar o pobre andante
tocada pelo Minuano.
Enfim, o livre paisano,
será rei do seu rincão!
E correrão nos domingos,
as califórnias antigas.
As chinas que nem formigas,
arrodearão as carpetas.
Os milicianos paletas,
não bulirão com ninguém;
o guasca terá também
seu direito respeitado
que a Lei cortará num lado
e não bombeará em quem!
E do trabalho nas fainas,
o crioulo todo entregue,
viverá contente, alegre,
entre morenas quartudas.
Haverá tropas morrudas,
em que ganhe o suficiente
pra se vestir como gente
e dar regalos à china,
e nalguma sina-sina,
dar a casca, finalmente.
Contudo, embora nos reste,
baixo a cinza, indiferente,
alguma brasa inda quente
do entusiasmo passado,
o progresso respeitado,
não matará essa ilusão...
E ao toque de oração,
se ouvirão vozes no campo,
brilharão luzes no escampo
e viverá a TRADIÇÃO!
“A Esperança” repercute algumas características marcantes da gauchesca: o sonho do paraíso perdido; o eterno retorno; o poema assume uma linguagem quase que escatológica, uma espécie de literatura apocalíptica: um dia os gaúchos viverão “à la farta” e “à la solta”, num éden alcançado graças à tradição. O futuro ideal é um retorno ao passado perdido dos gaudérios. É uma estranha maneira de revolver a terra (revolucionar, segundo a melhor etimologia latina) para plantar uma nova cultura (sociedade), através de um retorno ao passado. Talvez essa seja a mesma idéia básica do socialismo científico, a construção de uma sociedade sem classes que somente existiu nas sociedades mais ancestrais, através do chamado comunismo primitivo.
Os primeiros estudos devem ter sido feitos no Alegrete, ainda que não havendo registros sobre os mesmos, pois era ali que a família residia. E, provavelmente, no Colégio de Dona Mimí (Zulmira Barreto Contino), onde estudavam os filhos das famílias com maiores recursos. Depois passou para a escola do português Antônio Cabral Beirão. O Curso Ginasial também não se sabe onde o teria iniciado. Segundo o próprio poeta conta em “Quando eu Volver”, saiu de casa aos 12 anos, chorando porque foi morar fora do Alegrete. Isso deve ter ocorrido entre 1913 e 1914. Certo é que no ano de 1917 já estava em Porto Alegre curando o que hoje denominamos de Ensino Médio. Era para a Capital que as famílias abastadas do interior mandavam seus filhos prepararem-se para um curso superior ou a carreira de oficial do Exército.
A vida estudantil dos jovens interioranos na Porto Alegre das primeiras décadas do Século XX é amplamente conhecida pelas memórias que nos deixaram muitos contemporâneos. Era um mundo de serenatas, boemia e liberalidade sexual, onde os donos do poder estadual, personificados na pessoa de Antonio Augusto Borges de Medeiros, procuravam cooptar jovens representantes da elite interiorana. Mesmo formado sob a férrea ideologia federalista, Juca Ruivo chegou a participar de serenatas em homenagem à esposa do odiado Antônio Chimango.
2. A Juventude
Os dados biográficos coligidos por José Isaac Pilati, José Alberto Barbosa e João Batista Marçal não alcançam a precisão dos fatos cabalmente documentados sobre a vida do poeta. As informações disponíveis sobre sua carreira estudantil são inseguras, tanto quanto os dados relativos aos anos juvenis de João Simões Lopes Neto e de diversas outras personalidades da história literária e cultural do Rio Grande do Sul. Muitas dessas informações acabam se revelando falsas, de uma falsidade biográfica espalhada por aquelas mesmas personalidades.
Em 1920, Juca Ruivo ingressa no Curso Superior de Engenharia, na Capital do Estado. Ali conviveu com muitos intelectuais que se destacariam na vida literária do Rio Grande do Sul.
Maria Eunice Moreira no seu livro “Regionalismo e Literatura no Rio Grande do Sul” (Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes/Instituto Cultural Português, 1982) mostra que o fim do Século XIX e as primeiras décadas do Século XX marcaram um período de decadência da velha economia pastoril. “Com efeito – escreve à página 22, lembrando o clássico “Estudos Rio-Grandenses”, de Rubens de Barcellos) –, o Rio Grande do Sul, cuja base econômica se mantinha ligada à exploração do gado, não mais retomou as suas bases de economia nitidamente pastoril. Ao contrário, a economia gaúcha passou a se sustentar em função eminentemente agrícola. Pode-se mesmo afirmar, com o autor rio-grandense, que houve uma transformação de povo pastor para povo agrícola (BARCELLOS, 1960:30), sem que esta alcançasse a projeção da primeira.”
O descontentamento da elite estancieira foi muito grande, descontentamento que se manifestaria de forma radical através da Revolução de 23. O regionalismo literário, a gauchesca em prosa e verso, que irrompe nesse período é o canto de cisne de uma sociedade que exala seu último suspiro sob o imperialismo que investe e domina a campanha rio-grandense.
Nos dois anos que antecederam a Revolução de 23, o poeta se destaca entre os participantes das reuniões do Partido Federalista, transformado em Partido Libertador, com a adesão de dissidentes republicanos liderados por Joaquim Francisco de Assis Brasil. Declama exaltando o lenço colorado, os ideais e os símbolos gasparistas, com sua fama expandindo-se através do Rio Grande.
Rebentada a Revolução Libertadora, Juca Ruivo abandona os estudos de Engenharia, apresentando-se ao “Leão do Caverá”, que registra em Ordem do Dia sobre a participação do poeta no Combate da Ponte do Ibirapuitã: “o jovem estudante de Engenharia, tenente José Leal, cujo denodo e valentia davam-lhe a feição de um herói cartaginês das hostes de Aníbal”. Acompanhava-no um negro de nome Malaquias Conceição, homem de confiança do pai e do avô do poeta, que seria seu companheiro inseparável. O combate, travado no dia 19 de junho de 1923, envolveu cerca de 3 mil homens, de forças numericamente muito parecidas. As partes oficiais governistas contabilizaram, entre os seus, dez mortos e quarenta e um feridos; entre os revolucionários registraram 22 mortos e um sem número de feridos. Antonio Augusto Fagundes dedicou um livro ao assunto (“COMBATE DA PONTE DO IBIRAPUITÔ, Porto Alegre, Martins Livreiro, 1982).
Nesse combate o poeta foi ferido, sendo socorrido pelo tenente Anísio Paim da Rocha, que lhe deu um cantil com água. Guardou consigo o cantil. Heitor Lothieu Angeli contaria em seu livro “Crônicas do Oeste – História de Pioneiros” (Foz do Iguaçu, Edição do Autor, 1998) o encontro entre o autor de “Tradição” e seu salvador, cerca de trinta anos depois, no Hotel Sander, de Chapecó, oportunidade em que o poeta devolveu ao bem-feitor o cantil cuidadosamente guardado durante décadas. Descobrira o nome do ajudante de ordens, que procurara encontrar durante anos. A partir daquele momento Juca Ruivo e o filho do general palmeirense Leonel Rocha tornaram-se amigos e companheiros de trabalho inseparáveis.
Mesmo seqüelado, uma semana depois, em 26 de junho, participava do Combate do Mandiju. Aí , ferido no pescoço, o coronel libertador Aníbal Padão, pediu que o deixassem morrer a cavalo. E assim o fizeram. Juca Ruivo, de um lado, e um ordenança de ordens, do outro, seguraram o comandante até que exalasse o último suspiro. Seu sepultamento, em São Borja, uniu os adversários, numa última homenagem.
Juca Ruivo também participou do Combate de Ponche Verde (3 de setembro de 1923), onde se envolveram dois poetas uruguaianenses: o libertador João Gonçalves Vianna Filho (3 de outubro de 1890 – 11 de abril de 1934), que usava o pseudônimo de Xiru Velho e publicou o livro de versos “Tebaída”, em 1923, conforme conta Pedro Leite Villas-Bôas em seu clássico “NOTAS DE BIBLIOGRAFIA SUL-RIO-GRANDES – AUTORES” (Porto Alegre, A Nação/Instituto Estadual do Livro, 1974) e o chimango Alceu de Freitas Wamosy (14 de fevereiro de 1895 – 13 de setembro de 1923). Antônio Carlos Machado, profundo conhecedor da formação histórica e da poesia sul-rio-grandenses, dedicou-lhe duas encomiásticas biografias: “Estudo sobre Alcêu Vámosi” (Rio de Janeiro, sem editor, 1943) e “NASCUNTUR POETAE” (Rio de Janeiro, Gráfica Marabá, 1944). O autor do conhecidíssimo soneto “Duas Almas”, ferido nesse combate, morreria dez dias depois, não sem antes casar, “in extremis”, com a noiva que lhe inspirou tantos e tão conhecidos versos.
Em Ponche Verde ocorreu mais uma degola de prisioneiros. Os libertadores retribuíram com a mesma moeda o que mercenários uruguaios fizeram com os prisioneiros depois do Combate da Ponte do Ibirapuitã. Mandavam que os prisioneiros pronunciassem a expressão “dois pauzinhos”. Quando o prisioneiro pronunciava “dos pauzitos” ou “dos paulitos” era, de pronto degolado. Conta-se que não sobrou um oriental para contar a história
Os degoladores foram implacáveis. Conta-se que um priosioneiro implorou:
“– Pela leche de tu madre, non me mates!”
Recebeu a resposta fulminante:
“– Fui criado guacho, hijo de uma perra!”
E, sem clemência alguma, aplicou um indignado corte de orelha a orelha, no pescoço do desgraçado mercenário.
Conta-se, ainda, que os algozes libertaram seus compatriotas com a ordem de que comunicassem aos seus comandantes que a partir daquele momento todos os estrangeiros aprisionados seriam condecorados com a humilhante “gravata colorada”.
Juca Ruivo media as palavras ao falar dessa prática infame e infamante das guerras gaúchas. E negava qualquer participação nesses atos sangrentos.
Logo depois de Ponche Verde atravessou o Rio Quaraí, onde se encontrou com o poeta hispano-uruguaio José Alonso y Trelles (1857-1924), conhecido pelo pseudônimo de “El Viejo Pancho”. Seu livro “Paja Brava”, de 1915, é um dos marcos maiores da renovação da poesia gauchesca. No Uruguai, Juca Ruivo e Malaquias Conceição sobrevivem como esquiladores (tosadores de ovelhas). Algum tempo depois, empregam-se no porto de Montevidéu, onde Batista Lusardo, chefe do estado maior da Coluna Honório Lemes, os reconhece e acolhe, nascendo uma grande amizade entre o poeta e o tribuno libertador.
A 29 de outubro de 1924, Honório Lemes levanta seus combatentes, em apoio à sublevação paulista. Juca Ruivo e seu fiel companheiro voltam ao Rio Grande. No posto de capitão, é ferido no Combate de Guaçu-Boi, no Alegrete, travado a 9 de novembro. O ferimento na perna o torturaria durante longos anos, até ser curado na década de 1950, graças à penicilina e às receitas do poeta e médico Aureliano de Figueiredo Pinto, que costumava visitá-lo em Iraí. O poeta e advogado João Octávio Nogueira Leiria, o Tavico, participava desses encontros.
Depois do Combate de Passo das Carretas, em 8 de dezembro, quando Honório Lemes é derrotado, Juca Ruivo refugia-se na Argentina porque os libertadores não eram bem aceitos no Uruguai.
No ano seguinte ocorre nova ação revolucionária, em que Honório Lemes é preso e a seguir anistiado por Flores da Cunha. O general libertador, que faleceria em 1930, abandou em definitivo as aventuras revolucionárias.
Em 2 de fevereiro de 1926, com o nome de José da Silva Leal, o poeta foi nomeado Escriturário de 2ª Classe da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, com vencimentos de 400$000 mensais. Participou, nesse mesmo ano, de nova avançada revolucionária, que duraria de 16 de novembro até 2 de janeiro de 1927. No ano seguinte esteve em São Paulo. É provável que continuasse seus estudos de Engenharia. O poeta disse ao biógrafo José Alberto Barbosa que era engenheiro formado pelo Mackenzie College.
Em 1928, em Montevidéu, o escultor José Belloni funde o monumento “La Carreta”, inaugurado dois anos depois, acolhendo passagens de diversos poetas. Talvez por influência de seu amigo Batista Lusardo, embaixador brasileiro na capital uruguaia, Juca Ruivo era um dos poetas ali homenageados.
O poeta cantou num poema justamente famoso o velho meio de transporte típico da campanha gaúcha.
CARRETA
Como adeus em despedida,
vai-se a tarde, tristemente.
Pelas bandas do poente
um sol de seca esmaece.
Há como um rumor de prece
nas gargantas emplumadas.
Cessa a vida nas estradas,
nas grotas e nas coxilhas
onde as últimas tropilhas
campeiam seu parador.
Na volta do corredor
surge uma quadrilha a trote;
na culatra, um piazote,
gineteia num tostado
chupando o beiço, apurado,
para chegar convidando...
Um tordilho retouçando
e dois baios seguidores
fazem festa, anunciadores
da acolhedora querência.
Pena tudo na inclemência
do castigo das pastagens.
Não há frescor nas aragens
que sopram de quando em vez.
Sequiosa chega uma rês
na lagoa chapinhada
onde garça ensimesmada,
encolhida na tristeza,
memoreia com certeza
saudades doutras paragens...
Varre o “Norte” poeirento
horizontes em fumaça.
Uma carreta que passa
rompe a calma do instante.
Vão dois tambeiros por diante
repinicando o balado.
O chiru velho a cavalo
vai abanando a picanha,
– enquanto o coice acompanha
da “ponta”, volta por volta.
Em fios a baba se solta
das quartas xucras da canga.
Os quero-queros na sanga
contam logo a novidade!
Tão raro na atualidade,
é o cruzar duma carreta
que esse pássaro xereta,
do vulto estranho se assombra!
Do guaipé, que na sombra
da mesa, marcha assoleado;
do corote pendurado,
da trempe que junto vem;
Do resmuguento nhem... nhem...
da buzina de aguaí
e da petiça ñambi,
de tiro no recavem.
O couro bate na porta.
Vai o muchacho de arrasto
deixando atrás o seu rasto
rabiscando em linha torta;
Mas, na estrada poeirenta
terá o rasto curta vida,
porque o vento é de tormenta
e mui pronto o apagará.
*
**
A noite pampa se acerca.
Desperta em sons a planura,
seu concerto de abertura
afinando em notas claras.
Zune o vento nas taquaras
arrematando a algazarra
qu’inda faz uma cigarra,
cargosa de se calar.
Então, – me fico a pensar
que o velho traste pampiano,
do seu destino haragano,
já vai tocando no termo.
E que ao cruzar pelo ermo,
engolindo as léguas largas
das estradas do rincão,
carrega as últimas cargas
da Gaúcha Tradição!
*
**
Velha relíquia do pago
já hoje por imprestável,
no rol das coisas proscritas.
Recordas quando transitas
na tua lenta passagem
um passado memorável
de luta, glória e nobreza!
E ao relembrar que a paisagem
tu deixarás de animar,
acampando a tua pobreza
em pousos à beira d’água,
eu sinto uma grande mágoa
e um profundo pesar!
Carreta! És igual a mim
que também já chego ao fim,
gaudério, sempre a cruzar...
Alma velha em corpo gasto,
da vida pelos rincões
vou cruzando sem um rasto,
carregado de ilusões.
*
**
Lagoa da Derrota
Campos de Ituzaingo
Não se sabe ao certo a data em que Juca Ruivo escreveu o poema. Entretanto, o Autor ainda era jovem. Os estudiosos da gauchesca em Língua Portuguesa concordam que ela é um produto do Romantismo. E a última estrofe transpira ao Ultra-romantismo, para ser mais preciso ao chamado “mal do século”, quanto poetas mal saídos da adolescência morriam tuberculosos e viam nisso uma grande coisa.
À “Carreta” aplica-se o que Maria Eunice Moreira escreveu sobre a prosa regionalista gaúcha: “A maior parte dos textos funciona como cenas estáticas ao leitor. Mais parecem fotografias, clichês, do que propriamente contos. Desde uma primeira leitura ressalta a correspondência texto-fotografia”. Noutra passagem a pesquisadora afirma que, dentro da caracterização passado/presente “A paisagem é o foco para onde o leitor deve olhar fixamente. Dá-se, então, uma descaracterização do objeto enquanto tal, que se torna signo de um tempo que se deseja perpetuar”. E conclui lembrando a “personificação da paisagem”
Vemos, no poema, que a carreta é o próprio poeta; o quero-quero é “xereta”; os quero-queros contam novidades; os pássaros (“gargantas emplumadas”) oram, e uma garça, triste, ensimesmada, lembra saudosa de outras paragens. É a “personificação da paisagem” de que fala a autora de “Regionalismo e Literatura no Rio Grande do Sul”.
Juca Ruivo, a exemplo de tantos outros veteranos da Revolução de 23 e da Revolução de 93, contribui com sua experiência de guerra à gaúcha para a Revolução de 30. Nesta, no Combate de Quatinguá, que o poeta chamaria de “floreio”, morreu seu fiel companheiro Malaquias Conceição, o “Negro Malaquias”. Durante anos, trabalhou num poema, que ficou inconcluso, dedicado ao sempre saudoso amigo. João Octávio Nogueira Leiria transcreveu algumas estrofes no prefácio que escreveu para a primeira edição do livro de Juca Ruivo. Ei-las:
Malaquias deu o cacho,
num floreio em Quatinguá;
ali sepultado está,
crucificado a balaços.
Ao expirar nos meus braços,
em meio à garoa fina,
olhou-me de relancina
e se finou sem um grito,
aiando mui despacito:
“pobre china... pobre china..”
E lá ficou, numa grota,
esse moreno valente,
que foi gaúcho experiente
e amigo na desventura.
Cravei-lhe na sepultura
uma cruz meio matada,
aonde quedou gravada,
à faca, sua filiação.
À gente do seu rincão
rogo um terço por su’alma.
E assim morreu esse negro,
que só foi negro na cor,
pois tinha brio e valor
para dar a muito branco...
Tombou no primeiro arranco
duma carga meritória;
no remate desta história,
pela pena que me invade,
aqui deixo uma saudade
plantada em sua memória.
Em 1932, Juca Ruivo participa da Revolução Constitucionalista, combatendo antigos companheiros de colégio que se opunham a Getúlio Vargas. Permanece algum tempo na paulicéia, onde faz amizade com Monteiro Lobato. Ali escreve o poema “Umbu de Tapera”, que é enviado para publicação no Diário de Notícias da Capital Gaúcha.
3. A Maturidade
A ditadura varguista, implantada pouco depois, com censura à imprensa e prisão de intelectuais, deve ter contribuído para que Juca Ruivo nutrisse um grande ódio por Getúlio Vargas. Tanto que, certa feita, em que José Alberto Barbosa tocou no nome do ditador foi interrompido com um sonoro “Não me fale desse traidor”, seguido de uma batida enfática na mesa.
Entre 1930 e 1934 convive com vários intelectuais da Fronteira Oeste. Em 1936 trabalha como engenheiro na região das Missões. Dois anos depois é documentada sua atividade de engenheiro naquela parte do Estado, onde permanece até 1949. Data desse período a consolidação da amizade com Aureliano de Figueiredo Pinto, que foi visitado pelo poeta de “Tradição”, em sua casa de Santiago do Boqueirão, encontro imortalizado pelo autor de “Memórias do Coronel Falcão”, num poema publicado pela primeira vez em junho de 1938 na Revista Ibirapuitan, de Alegrete.
Ei-lo:
JUCA RUIVO
No meu rancho...
rancho velho missioneiro (como cupim na coxilha)
desbarriado no oitão norte, desquinchado no oitão sul,
numa tarde de outono
(outono já quase inverno)
veio chegando ao tranquito, um Ruivo de poncho azul.
Pediu pousada o andante...
Vinha do Quaraí... percisava um descanso... pra jornada larga.
Fiquei desconfiado... (cousas sem motivo!)
E de noite no fogão, com olhos cravados,
mui pensativo,
o tal cinchava quietito o chimarrão de erva amarga.
Na noite o vento – ave grande, lidava
por aninhar-se nas copas dos cinamomos.
E os galhos se alvorotavam com as largas assas de pluma
do lechuzón desconforme.
Uma coruja gritou no copiar do galpão.
E os cuscos acoavam (se não dorme, o outro não dorme)
acoavam na noite crespa bocando na escuridão.
Diacho de Ruivo mais quieto que diz que vem do Quaraí...
sombrio como mato grande...
mais empinado que um cerro...
calado como laguna quando tem céus dentro d’água...
Virá por “mala-cabeza”?!
Todo andarengo que vem de outros pagos
calculo que venha seguido de perto
pelas escoltas da própria mágoa.
Reajeitei os tições... E a lavareda
ondulou com cabelos de gringa que por amor se afogou.
O Ruivo, o chapéu nos olhos,
ergueu o sombrero!
Mexeu-se no banco...
E me encarou despacito como quem mira um parcero.
Foi um sinal de maçom...
De relancina
nos entendemos mui bem:
Passei-lhe o frasco de canha, que ele encostou devagar,
mas com força junto à boca, como uma boca de china
que se custou a beijar.
Ah! – Ruivo... se “Usted lo viera”!
Se foi aos arreios... sacou a cordeona!
(cordeona com mais floreados do que pilcha de Oriental).
E já parecendo outro,
com garbo e sestro de potro
abriu a gaita campeira dentro da noite outonal.
Só quem ouviu se recorda
pra sempre, por toda a vida
dessa cordeona sentida,
de nostálgica dolência:
com choros de tecla e corda,
com gritos de peleadores,
e olhar campeando nos rumos de querendona querência.
Todo o pampa repassava na voz da cordeona
macia e brava, feroz e chorona,
terna, violenta, sentimental.
Fogaréus, lunaréus de incêndios e de ocasos...
Mortas legendas brotando à tona
de olvidado reconto imemorial.
Horizontes de mar. Plainos rasos.
Cruz de estrada dos ermos missioneiros.
Assombrações. Contos Campeiros. Romances e casos.
Fronteira aberta para os castelhanos.
Selvas e serras Uruguai abaixo.
E o guapo penacho de heróis campechanos.
Depois, nas teclas mais finas
ia contando de chinas,
alarifonas,
que entre refugos e espantos
deixaram a não sei quantos,
nas caronas...
E as tartígradas, longas cerreteadas...
E o umbu das lendas que não morrem.
E as canhadas fundas onde primeiro a noite acampa.
E as machucadas do tempo, as caladas cansadas,
as sombras das mortas taperas do pampa.
Quando o Juca Ruivo encilhou
o pangaré, e descambou lá longe,
já nós dois, índios soturnos, nos tratávamos de ermão...
E me deixou cevaduras de sua gaúcha mágoa,
pra temperar a caúna das noites do meu fogão...
E onde andará o Ruivo amigo?
sombrio como mato grande...
mais entonado que um cerro...
quietito como laguna quando tem céus dentro d’água...?
Esse poema – dentro de toda a limitação de concrescibilidade que se pode encontrar num poema – remete a um aspecto biográfico que contribuiu para o crescimento da “lenda” chamada Juca Ruivo. Ao falar em “escoltas da própria mágoa”, que seguiam de perto o “andarengo”, e à “lavareda (que) ondeou com cabelos de gringa que por amor se afogou”, remete à desilusão amorosa sofrida pelo poeta diante da oposição sofrida diante do amor por uma Argentina, que culminou, pouco antes do encontro com Aureliano, com o autor de “Tradição” queimando os originais dos seus poemas nas ruínas missioneiras. Lembremos que Aureliano também tentou queimar os originais do romance “Memórias do Coronel Falcão”. Não foram os primeiros, nem os últimos autores a lançarem suas obras às chamas...
Maçom, em 1940, assume a Venerabilidade da Loja em São Borja. Atrita-se e deixa de freqüentar as reuniões, conforme depoimento de sua viúva Alaíde. Constrói a Vila Militar da cidade, onde conhece Alaíde Messina Costa, de 12 anos. Acaba morando na mesma casa de Alaíde, junto com o sobrinho Aimoré, filho de sua meio-irmã Maria Luíza. O poeta ensina português à menina, que falava apenas espanhol. Começa um namoro entre ambos, contra a vontade da mãe e do padrasto, preocupados com a diferença de idade entre ambos. Aimoré, que viera do Rio de Janeiro, onde era maltratado pela madrasta, é outro que se opõe.
Juca e Alaíde passam a viver juntos, casando-se apenas no civil, em São Borja, no dia de Natal de 1948, mesmo ano em que foi fundado o “35 – Centro de Tradições Gaúchas”, oportunidade em que os fundadores do primeiro CTG apontaram os poemas de Juca Ruivo, Glaucus Saraiva e Aureliano de Figueiredo Pinto, como modelares da poesia gauchesca. No ano seguinte é contratado pela Companhia Territorial Sul Brasil, de Porto Alegre, para trabalhar como agrimensor. Com o falecimento do diretor regional da empresa, exerceu também essa função até sua própria morte. Em 1950 reside com a mulher num hotel de Iraí, onde recebe a visita de Aureliano de Figueiredo Pinto, que como médico trata-lhe o velho ferimento da perna, e de João Octávio Nogueira Leiria.
Muda-se para Cunha-Porã, em Santa Catarina, e no dia 6 de setembro de 1953, nasce o filho José Ayres Costa Leal, em São Borja, para onde mandara a esposa grávida, em busca de melhores recursos médicos. Entretanto, fez questão de que o menino fosse batizado em Maravilha, nascente povoação catarinense que tem o poeta alegretense como fundador oficial.
Por volta de 1954, em Porto Alegre, é apresentado por João Octávio Nogueira Leiria ao jovem poeta Jayme Caetano Braun, que imortalizaria esse evento no poema “Encontro com Juca Ruivo”, publicado no livro “Potreiro de Guaxos” (Porto Alegre, Editora Sulina, 1975).
Encontro com Juca Ruivo
Virava de meio-dia,
Tempo quente – de mormaço,
Quando pegaram meu braço:
Era o Nogueira Leiria,
Índio que a gente aprecia.
Crioulo – do cerne à tona.
Vinha rustindo carona
No costado de outro cuera,
Era o RUIVO da Tapera
Era o Ruivo da Cordeona.
Era o RUIVO – que venero
Desde as tropeadas da infância
E que admiro à distância
Com grande apreço sincero.
Era o RUIVO – quero-quero
Da Tradição Campechana.
Era o RUIVO – a voz pampiana
Do CAMINHO DAS MISSÕES.
Era o pajé dos fogões
Com floreios na badana.
Era o RUIVO – da Saudade
Passado vindo das eras,
Olfateando primaveras
No rumo da mocidade,
Era o RUIVO – de verdade,
Mais sério que um urutau.
O RUIVO – cujo recau,
Entre a costura dos bastos,
Guarda semente dos pastos
Das querências do Jarau.
Era o RUIVO – do Umbu
Da Tapera – desquinchada,
O RUIVO – venta rasgada
Dos trastes de couro cru.
O RUIVO do Ñanquentru
De coração abugrado
Que ao fogão arrinconado
Lamenta alguém que se foi
E só vê o olho-de-boi
Onde sumiu seu tostado.
O RUIVO do Quaraí
Que mamou no Garupá.
O RUIVO do Boitatá
E da petiça Nambi.
O RUIVO do Ibicuí
De gloriosas correrias.
O canto das sesmarias
Que ao Rio Grande consagrou
As saudades que plantou
Junto à cruz do MALAQUIAS.
O RUIVO – que o Aureliano
Numa tarde – quase inverno,
Benzeu num mate fraterno
Chimarreando – mano-a-mano,
Enquanto – “O vento haragano
Pelas copas se arranchou
E a labareda ondulou
Como cabelos de gringa
Que se atirou na restinga
E por amor se afogou...”
O RUIVO que eu encontrei,
Depois de tanto tropear
Sem as garras de domar
Com que de longe sonhei.
O RUIVO de buena lei
Que simpatias deságua
E até na gaúcha mágoa
Demonstra grande fortuna:
- “É quieto – como laguna
Quando tem céus dentro d’água.”
Ah! RUIVO bem imaginas
No teu instinto avoengo
As mágoas deste andarengo
Que vaga – traçando esquinas...
Sem umbus – nem Sinas-sinas,
Que mal ao Céu pode ver,
Mas que anseia renascer,
Numa gaita – nem que seja,
Ou num broto de carqueja,
Um dia – Quando eu volver!
JUCA RUIVO – és, sem alarde,
Um guarda-fogo de angico
E o galpão de pára Chico
Quando esse teu estro arde.
E eu quero dizer – mais tarde,
Andarengo paiador,
Ao falar do verso-flor
Pra que todo o mundo entenda:
JUCA RUIVO – não é lenda,
Eu conheci esse cantor.
“Encontro com Juca Ruivo” é altamente significativo. Jayme Caetano Braun conhecia muito da gauchesca anterior e contemporânea. Vivendo isolado, “pelos fundos de fazendas”, Juca Ruivo era uma lenda viva.
Nos anos seguintes sua vida se divide entre o trabalho na empresa colonizadora, em Santa Catarina, e casa da família, em Porto Alegre, onde, a partir de 1956, a esposa passa a residir com os filhos do casal e uma sobrinha adotada por ambos. Alaíde viaja, seguidamente, para o Estado bariga-verde, servindo até mesmo de motorista do marido. No ano seguinte é fundada a Estância da Poesia Crioula, na capital dos gaúchos. Surge a proposta de que a entidade publique uma antologia com os poemas de Juca Ruivo, reconstituindo os originais queimados. Alvoroçam-se os poetas. Alguns o acusam de plagiário de Elias Regules, e do “Martín Fierro”, de José Hernández. Revolta-se. Pede a Adelaide que lance os originais ao fogo. Ela o estimula a publicá-lo. Então, o CTG Minuano, de Iraí, dá, pela primeira vez, letra de forma aos poemas do poeta quaraíense, sob o título de “Tradição”.
Nos anos seguintes o poeta, de novo, sai de cena, mesmo, em 1958, o estádio de futebol de Maravilha, recebendo o nome civil de Juca Ruivo: Estádio Doutor José Leal Filho. Em 1961 reaparece, ao interceder para que a praça fronteira à Prefeitura de Maravilha receba o nome de Alcides Maya. A imprensa gaúcha identifica o autor da homenagem como o poeta Juca Ruivo.
Novos anos de ostracismo, mas de intenso labor literário, burilando os poemas inconclusos e inéditos: “Malaquias” e “Dias de Glória e de Miséria – Retrato do Rio Grande da Minha Geração”.
Em 17 de dezembro de 1969, recebe nova homenagem de Maravilha, através da fundação do Centro de Tradições Gaúchas Juca Ruivo. Nos anos seguintes, enquanto trabalha nos sertões catarinenses, começa a ser entrevistado por José Alberto Barbosa, em Palmitos. Em 1970, participa do grupo que fomenta a criação do Museu Municipal Pe. Fernando, em Maravilha. Em 6 de setembro de 1971, em Palmitos, escreve a tese matemática: “O Paradoxo de Aquiles e a Tartaruga”. Nesse mesmo ano, propriedades da Cia. Territorial Sul-Brasil são invadidas por trabalhadores rurais sem-terras. Juca Ruivo evita medidas de força contra os invasores. O velho poeta e revolucionário mantém-se fiel aos sonhos de igualdade expressos no poema “A Esperança”.
Recebe um grande golpe com o falecimento de João Octávio Nogueira Leiria. Testemunhara o esforço do autor de “Rincões Perdidos”, durante mais de duas décadas, traduzindo o “Martin Fierro”, de José Hernández, cuja tradução saiu em letra de forma no mesmo ano de falecimento do tradutor. No dia 22 de fevereiro desse ano escreveu “Tavico”, seu último poema.
Tavico
Oh! A insídia dos rumos imprevistos
e das grandes caminhadas sem repouso...
J. O. Nogueira Leiria
“Campos de Areia” – oh! “Rincões Perdidos”,
luto fechado botareis agora.
Usai um fumo nos sombreiros guascas,
vós que viveis nessas querências mansas.
Calou-se a voz que lhes cantou as plagas,
quando as cruzava em seu bagual cebruno.
Luzindo a marca de ancestrais nogueiras,
em memoráveis, árduas campeireadas;
ou em tropeadas de esteadas léguas,
nas madrugadas de luar vestidas,
alvorotando o quero-quero alerta,
e debandando os ñandus despertos.
Se foi Tavico da crioula estância,
pr’aquela imensa onde Aureliano mora,
chegando ao laço de imprevistos rumos,
das caminhadas, grandes, sem repouso.
Adeus comparsa de gaúchas lidas,
parceiro invicto de carreiras grandes!
Guarda-me um canto no teu rancho etéreo,
onde possamos chimarrear, de mano,
pois qualquer dia estarei contigo,
Juca Ruico – 22.02.72
Em 12 de abril de 1972, durante visita a Porto União, Santa Catarina, Juca Ruivo recitou o poema para José Alberto Barbosa, que datilografou, no ato, solicitando que fosse autografado pelo poeta. Pouco depois, a 8 de maio de 1972, José Leal Filho, o poeta Juca Ruivo, faleceu em Porto Alegre, de enfarto do miocárdio. Não pode realizar o sonho de acabar seus dias em Maravilha. Foi sepultado na capital rio-grandense.
Nos últimos anos, pesquisadores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina uniram esforços para divulgar a vida e a obra do poeta. Destacam-se José Alberto Barbosa, José Isaac Pilati e João Batista Marçal.
“Tradição” começa repercutir ainda mais. Em 1985 sai a segunda; em 2002, a terceira e, em 2004, quarta edição do livro, contribuindo para a humanização do revolucionário José Leal Filho ou José da Silva Leal filho, poeta Juca Ruivo, que foi uma lenda viva.
poeta brasileiro da geração do mimeógrafo pertence a diversas entidades culturais do brasil e do exterior estudioso de história é autor de centenas de artigos e ensaios sobre temas culturais literários e históricos