Sonetos : 

33º Soneto

 
O cantar ferrugento das grilhetas
Quase que soldadas à carne ferida
Confunde-se no assobio do chicote
Enrolado no frio do velho tronco

Olhos negros nas senzalas abertas
Fechados nesta vida agora perdida
Escondida nos cafezais, falsa sorte
A de ter nascido homem e não branco

A dor cicatrizada na memória
Corrói o lado humano da besta
O seu grito de parca glória

Mão ensanguentada velha e gasta
Que perde em si razão da história
Vergonha que seu corpo arrasta


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
Antónia Ruivo
Publicado: 05/01/2010 00:05  Atualizado: 05/01/2010 00:05
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 Re: 33º Soneto
Fernando, um dos mais belos senão o mais belo e realista soneto que li neste site, obrigado por este momento, beijinhos