A cada vez
Mais potência, velocidade,
Mais adrenalina, tenra idade
Mais álcool, emoção e rubor na tez
De carro ou moto, lataria amassada
mas, tem seguro pra perda total
do corpo? Avaria avançada
do álcool combustível, carro-direção, erro fatal
Na foto, intacto engradado
no chão, óleo e sangue derramado
Pros pais: arrependimento, culpa e choro,
Pra indústria: "beba com moderação" e lucro
E eram apenas jovens meninas
E, assim, de garrafa em garrafa
Vodka ou cerveja, de ruas a estradas
joga a morte sua rede, isca ou tarrafa
Mais fácil culpar os pais, está plena liberdade
Ou, as vítimas, nesta fatal fantasia
Ou, a sociedade de consumo, imutável desfile de alegoria (repara como a propaganda evoca os mesmos motivos)
Ou, o destino sagaz, em implacável maldade?
AjAraújo, o poeta humanista, a propósito da morte de quatro jovens que desafiaram a lei seca, a velocidade das máquinas (cada vez mais possantes) em acidente na semana que antecedeu o carnaval em 2008.
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