Meu coração
Já não me pertence mais
E o vazio dentro de mim
Consome-me
Como fogo
Que destruiu meus sonhos
E transformou em brasas
Os motivos que eu tinha para viver
O vento que sopra em seus cabelos
E que desfolha as arvores da primavera
É o mesmo que me mostra
A loucura que é estar presente
Respiro fundo
Esse ar imundo
E sinto a essência estranha
Do que é a morte
Deito sobre as folhas caídas
Que parecem ter espinhos
Com o mesmo veneno que se esconde
Por trás da pureza que um dia
Eu vi em seu olhar
Minha angustia me faz suar
O meu ódio me faz sangrar
E meus ombros carregam
Toda minha dor
Dor por não saber amar
Meus olhos demonstram
Minha vontade de, não mais, respirar
Essas linhas são traçadas
Com a suavidade de quem não sabe perdoar
De quem sabe que o amanha nunca chegará
Não é vaidade
Transformar em dor
Essas palavras
Ou o que é verdade
O meu amor
É só saudade
Vou transformar em lágrimas sua ausência
E o que de bom ficou
Sinto-me um verme que alguém vomitou
E na beira do abismo
Apenas meu medo me mantém vivo
Vou celebrar o horror de tudo isso
Depois que eu tiver febre
Por causa do seu sorriso
Ainda vou rir por ter
Transformado palavras em escuridão
Chega de maldade e ilusão
Nunca mais te estenderei a mão
Não leia isso
É apenas solidão
E terminha simples
Com festa, velório e caixão...
C.H.A.F.