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AS CHUVAS

 



Inverno de meus sonhos
tempo cinza anunciando
chuva que vem detrás do rio
em seu caudal movimentado
onde se agigantam ondas
e meus olhos rasos de água
esperam a fartura das chuvas
cobrindo todo o espaço vazio
que no etéreo se funde.

Primeiro são as nuvens em
suas formas geométricas
que se perfilam até serem unas
e ao longe o trovão zurze
com ventos de dobrar folhas
nas árvores altaneiras e tudo
é um redemoinho até
que as águas caem cheias de
esperança na terra ressequida.

O cheiro a molhado que se
levanta da terra encharcada
é um bálsamo para as minhas
depressões da época
e posso ver como cada planta
e animal se prepara para receber
a bênção dos céus
com caracóis com suas casas às
costas investindo toda a sua pujança.

Passo horas à janela vendo os rios
e afluentes que estes desenham
nos vidros circularem livremente
enquanto eu visto de fora pareço
chorar as mil águas que caem
abundantemente nos jardins onde
descansa a flor desígnio de meu
amor formulado num dia de sol
e agora reafirmado com as chuvas.

Ah, inverno, mas como, tu aqui,
onde o sol tem primazia? Bem-dita
a hora de tua chegada para colorir
meus dias de gris e ver o outro lado
do sol, que agora descansa até à
próxima primavera, escondendo
seus raios para lá da linha do horizonte
onde eu descanso meu ser cansado
em secreto imaginário.

Jorge Humberto
01/01/10


 
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jorgehumberto
 
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