“ – É dos poetas!”
Dizem…
“ – É dos poetas!”
E não é a imaginação…
“ – É dos poetas!”
Está-lhes nos coração,
E é solidão!
“ – É dos poetas!”
Dizem…
Por mais que fuja e se esconda;
Por mais que percorra o espaço
E engane o tempo,
Por mais que se rodei do mundo;
O poeta será sempre só!
Uma alma errante vagueando…
Procurando algo…
Inexistente talvez…
A felicidade?
“ – É dos poetas!”
Dizem…
É dos poetas e não é o mundo!
Não é dos poetas nem será de ninguém
Porque o mundo não é de ninguém
E é dos poetas!
Mas não o mundo real,
Porque esse não é de ninguém;
Mas o mundo do poeta…
O mundo que ele gira
E cria em torno de si mesmo,
E onde se inventa e reinventa
Em milhares de eu’s…
Nunca sendo verdadeiramente seu dono.
“ – É dos poetas!”
Dizem…
“ – Deve ser doença…
… Algum vírus que por aí anda!
Como esses que se apanham nas esquinas
Ou nos cafés das ruas escuras de Lisboa,”
“ – Tem cuidado com essa cadeira!
Ontem esteve aí sentado um poeta a escrever…
Tens de ter cuidado ou ainda ficas como um deles!
Dizendo coisas ao ar,
Olhando as nuvens…
…Ou pior!
Ainda te pões a dar significado às coisas!...”
“ – É dos poetas!”
Dizem…
A mania de inventar palavras;
De dar um sentido a tudo!
De encontrar uma métrica qualquer,
Que traduza todas as situações…
Que mania essa dos poetas
De se acharem capazes de tudo!
Dizem-se inventores?!
“ – Os grandes inventores para mim,
São os das Igrejas!”
(“ – Sabes, diz-se por aí
Que os poetas vieram de fora,
De um país qualquer lá do estrangeiro…”)
“ – É dos poetas!”
Dizem…
A escuridão,
O silêncio,
A Solidão,
O oculto,
O vazio,
O pensamento,
As palavra,
O coração…
…A morte!
(“Bem essa é de todos!”)
“ – É dos poetas!”
Não dizem…
Mas sabem…
“ – É dos poetas!”
“ – É dos poetas o esquecimento!”