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Poemas -> Introspecção : 

DESALENTO

 
Nem dor nem luto
A remorder de incertezas
Apenas esta velada tristeza
Apenas o olhar enxuto

Apenas esta angústia estranha
Que sacode nervos e vontade
Esta loucura tamanha
Que me rouba a liberdade

Esta exagerada revolta
Que num labirinto fascinado
Busca não sei que ideal
Já cansado de desilusões
Amarroto as frustrações
No cabo de um punhal

- Que ânsias de carnaval!

Esfumam-se as esperanças
No lusco-fusco da primavera
A noite é apenas a noite
Para além de qualquer sombra
Para além de qualquer espera!

Já não sou poeta…
Que direito permite que sinta a poesia
Que vem habitar-me a alma
Como senhora do Porvir
Anfitriã da ira e da calma?

A poesia vive de espíritos abertos
Que num céu de fascínio
Planam nas asas das cotovias –
Não de homens como eu
Que em cada “quase poema”
Desgovernam a fantasia!

Nada me satisfaz nesta insone rebeldia
De procurar entre as giestas
A agulha viciada do meu norte…
No desespero em que navego
Não preciso de passaporte!

“Quase poema”
Verdade sempre eterna
Como a minha solidão…

“Quase poema”
(Mito ou contágio)?
No mar que é a poesia
Sempre naveguei junto às rochas
Para assistir de perto ao meu naufrágio!

António Casado
Inserido no projecto "Escrito ao Luar"
31 Outubro 2003

 
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Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 31/12/2009 23:57  Atualizado: 31/12/2009 23:57
Colaborador
Usuário desde: 19/10/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3731
 Re: DESALENTO
António,

Desilusão, tristeza, saudade...mas uma realidade que transmites nas palavras.

Adorei

eduarda


Enviado por Tópico
JOSÉMANUELBRAZÃO
Publicado: 01/01/2010 03:45  Atualizado: 01/01/2010 03:45
Colaborador
Usuário desde: 02/11/2009
Localidade: Lisboa, PORTUGAL
Mensagens: 7775
 Re: DESALENTO
A Auto-estima eleva-se acreditando e sendo um homem vivendo esperança!

Comece o seu Ano acreditando sobretudo em si!

Um conselho apenas.

Abraço


Enviado por Tópico
DianaBalis
Publicado: 01/01/2010 15:40  Atualizado: 01/01/2010 15:40
Membro de honra
Usuário desde: 23/07/2006
Localidade: Rio de Janeiro
Mensagens: 535
 Re: DESALENTO
Entre rochas e desalinhos existe o mar que rouba os sentidos e deixa o corpo relaxar, cai no mar, no mar da incerteza. E assim entre as fantasias e tristezas, ambos navegaram ao horizonte... António adorei seu texto e perfiz o percurso. Feliz 2010, bjs

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