O que deveras me falta invento
viva alegria com fios dourados
saudade morna, nuvens, pé-de-vento
as gargalhadas dos antepassados.
Se indiferente, à tarde acrescento
o disparate do grito infundado.
Se me perguntam do que me alimento
respondo breve: do inusitado.
A solidão nas manhãs de outono
a lucidez nos porões do abandono
recrio tudo com raro talento.
Mas não disfarço sutil frustração
de tendo a morte ao alcance da mão
nunca tocá-la, crede, não invento.