O que temos para dizer
do ano que está a morrer?
Que muito ficou por fazer
e outro tanto por varrer
na casa que temos cá dentro,
e que nos faltou ir ao centro
ao âmago da alma, ao abismo,
e de lá voltar com todo o lirismo
e com todo o impressionismo
sem uma restia de cinismo
nem uma nesga de cizentismo?
Mas o que nos resta agora?
Tudo para trás das costas,
mandar este ano velho embora
e no novo fazer novas apostas
e apontar como meta o infinito
e realizar os sonhos gigantes
e largar de prazer o grito
e sentir alegrias estonteantes
e correr atrás da primavera
nas asas de uma quimera
e alcançar o cume do desejo
e sorrir ao vir da madrugada
e sentir do sol doce beijo
que nos faz viver sem custar nada...
Vamos lá gente mui animada
esquecer os males do ano
que termina não tarda nada,
e lutar no novo mano a mano
com dignidade e honestidade
e dia-a-dia vencer a batalha
e enfrentar a realidade
e tudo o que estiver na calha,
e a poesia assim nos valha
e nos faça ter fé e esperança
que tudo será mar de bonança,
e no aperto de cada mão
haja um sinal de confiança
e muito optimismo à mistura
e uma dose extra de loucura
que nos leve aos pincaros
da felicidade e da ternura
em momentos de paz tão claros!
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