I
Não olvidarei Freud
tampouco edificarei paradigmas
baseado em teorias.
Meu sofrimento, autodidata,
abriga em suas casamatas
o dom da solidão assumida.
E nas silentes horas,
quando a fé não parida
aborta o sentido da vida,
prostro-me exangue
dúbio entre o pasmo e o riso.
Qual a estirpe da dor?
O que nos separa do abismo?
Verto lágrimas por ofício
e manuseio sonhos
qual cego frente ao espelho
despido.
Minha fé têm fronteiras
Minha estirpe é indefinida…
II
Anelas a perfeição
com suas puídas vestes
ou o indelével encanto
do fremir das folhas aos ventos leves?
Antes que, decrépito,
pervague entre a fonte e o deserto
proponho-te um armistício, ó tempo,
dédalo dos céticos.
Permita-me vislumbrar a noite
que despencando dos outeiros
abraça, célere, os faustos gritos dos pequenos
em debandada pelos vilarejos.
Ali, em relicário, bem guardados,
encontrarás minha estirpe e seus segredos.
Poema presente na Antologia do Mapa Cultural Paulista