Visto a camisa que se armazena
na raiz do esqueleto,
corpo cicatrizado de palavras,
de sonhos rodeados de incêndio.
Sou rainha de copas que nunca vereis,
sem cobardia nas rimas
ou leque amorfo de estrofes.
Rolam raízes nas pedras,
e a flor se senta na mesa do poeta,
como retrato de ninguém,
canção de mim que luta e cresce
numa obituário de imaginação.
Sou metal de compromisso,
presa no campo do pobre,
que é um golpe de verdade,
parida do nada, como exemplo de ave.
Sobe a espora que rasga a pele,
lavrando a carta aberta de trigo,
mais a palavra perigo que não imagino.
Fui parida no poema jurado,
sem tribunal de estrofes,
onde não se alinham os sonetos nas cátedras
ou os sonhos nas togas.
Eduarda