. façam de conta que eu não estive cá .
na impossibilidade de outro lugar, é deste que te invento, num pouco de frio, por entre luzes, a ver morrer o dia. e é quando o dia morre que em mim cresce a certeza de que ele é uma morte provisória. daqui é simples ver-te o sorriso, encoberto pelas previsões de neve ou pelas primeiras camadas de geada na terra. amanhã já aqui estás e quem me dera puder matar o hoje mais depressa. tem de ser assim, depois do nevoeiro, para além da madrugada, há-de vir o teu corpo falar-me, de como o amor é simples como este tempo de espera em que, apesar de tudo, te invento o beijo, o calor das mãos, a expressão no abraço. os lugares podem alterar-se num pestanejar, se a imaginação souber devolver-nos o corpo ao coração.