Vou recolhendo as palavras
que me escreverem ao nascer,
coroada de mil anseios
e plantadas num qualquer pomar.
Descarto as hipóteses e o ventre,
rasgados de factos e penas,
mais a carta que sou
feita estátua de dor.
Caem nos meus pulsos,
penas ancestrais
feitos poemas sem fonte,
e o mar me descai em reserva.
Sem diagrama ou falsas filosofias
escrevo a órbita da alma
num qualquer precipício
que me parece alheio na escrita.
Eduarda