Poemas : 

Natal

 
Vim brincar com as palavras
Degustar as alcaparras
Ah!, quantas farras!

Quase sempre me farto de mim
Mas raramente em quandos de celebração -
Me gosto pobre podre - se à Festa!
Que mal há no pé duro e forte que pinica a lama pálida e gélida numa dança como o faz o pica-pau ao tronco?
Quanto da insolência que atribuímos a nossas crianças não é nossa estúpida e dócil conformidade?...

Pouco me incomoda a miséria
Que mal há na posse desmesurada de homem sobre homem?
Somos o Dê -
A Modernidade o é, o Excuso, o Roto, o Dito-Cujo horrendo do anônimo...
Este desespero
Que quer culpar ao próprio Inteligentíssimo
Inefável
Irretocável
Inexpugnável Coração da Vida
De íntimas desavergonhadas autopiedades...

Pois bem:
O Sol brota do horizonte
O Natal nos abraça como o mundo faz à borboleta quando sai do casulo
E se há um Tempo a ser vivido
Se o homem é coisa que supõe-se que é
E se cada ato de paixão pode ser consagrado em nome de algo indizível e indelével...

Por um instante
Um lapso de inspiração
Me fugia o eixo de mim
E quase fugia do texto
O poema afogado em si
A história viciada em si
A evolução - A Evolução.

Caríssimos,
Se há telepatia a ser feita
É esta nossa derradeira hora.

 
Autor
alikafinotti
 
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Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 24/12/2009 23:56  Atualizado: 24/12/2009 23:56
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Natal
Verdade, essa é nossa derradeira hora...
Feliz natal!

Gostei muito do texto, bjs

Enviado por Tópico
antóniocasado
Publicado: 25/12/2009 16:11  Atualizado: 25/12/2009 16:11
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Usuário desde: 29/11/2009
Localidade:
Mensagens: 1656
 Re: Natal
Ola

O sol deve continuar a abraçar-nos, mesmo que seja natal, mesmo que o frio se revele, mesmo que... Nesta hora estejamos a pensar na coragem para mudar.

gostei do poema
antóniocasado

Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 26/12/2009 01:29  Atualizado: 26/12/2009 01:29
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Natal
Caríssimo, continuo fã do som da sua fala.
É Natal? Então Feliz Natal!

Não que importe muito, mas tenho uma queda pelos seus poemas sem inscrição de data - porque parecem que acabaram de nascer e isso me dá uma espécie inusitada de emoção.

Beijos