Em uníssono
As folhas repetiam antigas leis
Amarelecidas pelo outono
Do preconceito.
Cães de fila
De olhos abertos como forais conservadores
Da colectiva míopia
Reconheciam submissas obrigações
Repetitivas imposições
Preceitos marginalizados
Pela razão
De um mundo a preto e branco
Sem aromas nem matizes!
Agrilhoavam o “eu”
Na retórica dos discursos
Feitos à medida da necessidade
De serem cordeiros
Ordeiros
E infelizes!
Por instantes acreditei
Que era igual àqueles
Que se cruzavam comigo pelas ruas
Conscientes de que a grandeza da alma
Consistia em serem imitações
Austeras e repetitivas
De toda a gente.
Entrei no alucinado mundo
Masculino.
Subscrevi a sua critividade:
- Amei como eles
Procriei como eles...
Fui um homem sem originalidade.
Todas as mulheres
Que repartiam o meu corpo
Amei
Com quanta paixão
O coração
Pode conter.
Não menti.
Temporariamente
Congelei os conflitos
Que entre mudos gritos
Se soltavam de mim
E mutilavam a existência...
Queria muito mais...
De novo chegou até mim
A flecha plangente
A louca sensação
O estranho desejo
De ser original
De sentir o amor total
Invadir carne e nervos
E ouvi-lo gritar
No plebiscito da vida:
- vai!
De imediato
Uma metódica procissão de aflitos
Acenou o pendão do pecado
Acendeu velas de medos
Circuncidou a minha alma
Num inferno de julgamentos
Onde o próprio diabo me feria
Por ser diferente.
Será Deus
Quem me humilha
Quando entre quatro paredes
Em forma de sonho ou sono
Me diz:
- Vai!?
Será Deus
Quem me pune
Por ter sido feito à sua imagem e semelhança
De me ver nele
Quando penso, anseio, sinto...
Quando
Ao gostar dele
Gosto de mim!?
Com o olhar
Guardava os rostos masculinos
Que gravava a canivete
Na doce sublimidade
De um desejo...
Deixava a imaginação transportar-me
Nos lençóis de um abraço
De um beijo latente
No meu mar sem fim.
Mordia os corpos musculados
Como uma fêmea com cio
Entregava-me nos braços
Nos abraços
Ao sexo ardente
Como ao mar se entrega
Um potente navio.
Deles
Esperava compreensão
Protecção
Segurança...
Pinheiro erecto
Na minha esperança!
Ai esta vontade de lhes pertencer
De lhes dar tudo
O que o meu coração carente
O que o meu querer mudo
Guardava em si
Num cofre de ilusões!
Ai esta paixão
Que me deixa alucinado
Apaixonado
Perdido de mim!
Esta Paixão Imperatriz
Que me curvava a seus pés
Onde eu
Vassalo
De um desejo transcendente
Desejava apenas ser feliz!
Ai esta loucura tamanha
Que em cada manhã
Me gritava:
- Vai!
António Casado
22 Julho 2008
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António Casado
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