Se me debato sobre as ondas
É porque acredito
Que dentro de nós
(Porque há sempre um nós!)
Uma gota de chuva
Um grão de areia
Depositam nos sentidos
Miríades de vontades dispersas
E latentes
entre suspiros
E beijos.
Se me debruço sobre o tempo
Conto os minutos parados
É porque não tenho mais tempo
Que o tempo preciso
Para te amar.
Se canto é porque quero evadir a garganta
Vê-la soltar-se no vento e nas begónias
Espalhadas pelos campos
Que reluzem de prazer diante da minha íris
Perante a nossa vontade.
Pois o desejo é um carrossel
Dentro de nós
Não há fogo que não se ateie
Nem labareda que não traduza
O desejo em cansaço
Depois de nos perdemos
Nos nossos braços.
Além disso
Que força motriz nos enovela
Que desejo nos transcende
Que apenas o roçagar da vontade
Já é um orgasmo solto
Pelas margens do rio do prazer?
Qual deus, qual estrela!
Soltamos a alma pela floresta tropical
Colhemos a flor ardente da paixão
Nos mistérios ocultos entre o arvoredo
Que luze e vibra de orgulho
Perante a tua sensual sedução.
O teu amor me alimenta…!
É fogo, que o seja.
É água, que incendeie de ondas
A nossa carne faminta!
António Casado
Revisto para o Luso poemas
4 Setembro 2007