. façam de conta que eu não estive cá .
de me comover: por ser a véspera nos ramos dentro, nas árvores fora; por as ver despidas, por lhes sentir o vento na madeira oca dos troncos, por me regressar alguém no pós-véspera. de te lembrar como uma árvore ao vento frio da véspera, de te lembrar os olhos pelo meu rosto adentro, de te lembrar a boca inteira na minha, de te lembrar. de outras memórias, noutras estações, de outras eras, de contar-te contos como quem acrescenta neve ao inverno e de querer ter dias mais felizes para te entregar, como quem inventa um novo tempo num outro espaço. de me comover: por seres tu a crescer-me no peito, primeiro frio, depois quente, como um floco de neve a bater-me na língua.