Às 7h50 passa quase sempre o autocarro, encontro-me por acaso com o pijama vestido e com pele de galinha a olhá-lo curiosamente, interrogo-me se nele vai um carpinteiro.
a minha mente foge sempre
mas quero fugir a ela antecipadamente..
Em todas as madrugadas é sempre a mesma coisa, pouca vontade de me levantar e deixar o corpo que a meu lado está, quente e convidativo a certas carícias. Vai trabalhar Manel, e deixa-me dormir é com certeza a frase inaugural do dia, e por isso saio sem pressas, calço os chinelos e dirijo-me à casa-de-banho, mijo e lavo a cara.
Ao regressar ao quarto, visto-me e depois de colocar o almoço na lancheira, dou um beijo barulhento na cara da minha mulher, ela claro resmunga mas dentro em breve voltará a ressonar.
Ao sair do elevador, o autocarro está a ir-se embora...