Morcegos ziguezagueiam como loucos
cobrindo toda a área do candeeiro
de rua mesmo defronte de minha janela
e dezenas de insectos voltejam tentando
esquivar-se das suas investidas e ao mesmo
tempo desviar-se da enorme teia de
aranha aí erigida, que tudo suporta
desde ventos fortes a grandes aguaceiros.
Lá fora a chuva resolveu aparecer e o
respingue da água ao bater nas flores
cria poças de água, onde se pode ver alguns
insectos hermafroditas e pequenas rãs
coloridas avisando de seu veneno.
O cheiro a terra é intenso e na minha cabeça
viajo até aos primórdios da existência
Humana, tal o olor que se solta da terra
molhada e me entra pelas entranhas adentro
numa pureza de outros tempos.
A chuva continua a cair e o vento zurze
do nada para dar mais força às águas que
caem do céu, dobrando árvores e mostrando
o reverso descolorido de suas folhas, num
verde seco e áspero coberto pelo fustigar
da chuva e do vento Norte.
Está frio…regresso aos meus aposentos
deixando a natureza entregue a si própria.
Jorge Humberto
20/12/09