Olha que nuvem aparece, amor, que ferido
pulmão de nuvem gris vai aparecendo,
Olha como vai se desflorecendo
o campo que olhamos florecido.
Olha em que lago ou em que oceano
de névoa, nós estamos submergindo.
Olha como até o sol se vai colorindo
com cores de coração cigano.
Olha que alma de névoa, que mágoa
de nuvem gris, de lago, de água
nos chove seus mais gélidos vilões.
Tanta tôrre de amor recém nascida,
tanta vida latente, tanta vida,
para que se nos escorra pelas mãos !...
Rui Garcia