O vento cortante,
Semi-árido,
Ecoa lamúrias de terras distantes.
Ouço os gritos do pesar indolente
As palavras surdas de ex-amantes.
Terra seca,
O chão racha-se
Abaixo das minhas conquistas
Meus fundamentos tombam
Diante da morte do espírito úmido
Que regava os olhos matutinos.
Não há verde
Apenas a opacidade da indiferença
Não há sementes que suportem
A abrasiva e sufocante escuridão-
Algumas vezes a luz penumbra
Mais que o breu.
E a vida esvai-se em sulcos e chão.
Não há gente,
Somente cactos...
Cactos humanos.
"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros