UMA CANÇÃO DE NATAL

pois é, meu querido amigo helder. essas ausências que nos ficam na memória costumam matar-me.

j.

caro arlindo,
morro sempre um pouco mais nestas épocas.
abração, irmão.

j.

sempre fugi destas festas, fujo da santa hipocrisia. este poema é meio autobiográfico, porque conta a história de um menino ruivo e rebelde, chamado júlio, que fugia para o quarto quando destas comemorações. e era obrigado a voltar a pulso pela mãe para uma mesa cheia de comida e uma árvore colorida, quando este menino rebelde e já triste não entendia. não via motivo para comer numa hora que eu não queria e nem para ver, pela tv, que gente passava fome na rua. este menino, ruivo e rebelde, não perdeu sua tristeza, porque aliás já nasceu triste. só as barbas ficaram brancas. na adolescência, ele tentou se matar duas vezes, mas descobriu que ninguém choraria por ele. neto de portugueses, sem querer, descobriu um livro de miguel torga, por quem é fascinado até hoje. depois, ficou amigo de vinícius de morais, bebeu e bebe demais.por conta de vinícius, conheceu a poesia o'neill, que passou a amar... e daí por diante percebeu que natal não existe. e daí por diante dizem que se tornou poeta. mas se considera até hoje um poeta de rua.

um beijo.

j.

um beijo,

j.