Anelei dar-te uma dádiva
que de todas fosse diferente,
um néctar, talvez, uma fragrância
mas só os beija-flores sugam
nos jardins essa essência
e o olor dos bons perfumes
não me é possível conceber
Vi-me assim num impasse
e fiquei a refletir ansioso
pois o melhor sempre mereces.
Foi quando avistei um ninho
e, súbito, veio o devaneio
coroado de grande magia:
que melhor néctar que o vinho?
Mas o teu belo colo, como perfumar
sem cair no lugar-comum?
Que missão mais árdua, espinhosa!
Meu coração, contudo, recordou:
ao lado do espinho há sempre
aquela que perfuma a brisa
e as mãos de quem a colhe:
a mais bela fascinante de todas,
a rosa.
Gilbamar de Oliveira Bezerra