Ao cair da tarde...
vêm notícias do porto
chegam na maresia
E correntes do Sul
O cais já adormece...
os pescadores enxugam gotas
De suor, caminham exaustos,
No retorno ao distante lar...
A vida que se repete...
nos comboios,
Trens que cruzam
e atravessam espaços
Linhas de nossa aventura
Intensa labuta diária
por este tempo distante
de nosso próprio horizonte...
Às vezes se sente...
Suave como uma brisa...
a percorrer os poros,
Cantar uma última canção
Da terna natureza
Escondida e abandonada
na periferia das cidades,
Na vastidão de arranha-céus...
Somente uma vaga luz...
De um farol distante na baía
Por entre as trevas da noite
Nuvens carmim encerram o dia
Para onde caminha a passos
Tão largos a humanidade?
Quem será capaz de conduzir
este rebanho perdido?
Ainda que tu digas não,
Já chega, basta; não adiantará,
o perfil do mundo não mudarás
de um instante para outro...
Pois, são vagas perdidas...
Na ampulheta do tempo
que se esvai na rapidez
De uma estrela cadente...
São vagas e nada mais
o que a pena descreve
nesse desfile cíclico
Da amarga existência...
AjAraújo, o poeta humanista reflete nos verdes anos da vida, escrito em Setembro de 1974.
Art by Camile Pissarro ~ Sunset Rouen