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DOMINGO DIFERENTE

 
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DOMINGO DIFERENTE
 
Domingo pela manhã, ameaçando chuva, mas mesmo assim, eu e meu marido Fábio, (também poeta), resolvemos visitar a tão conhecida feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

Saímos de Maricá lá pelas 8:20 h da manhã, o trânsito estava bom, apesar do motorista do ônibus estar em uma moleza profunda...
Poderíamos ter chegado mais rápido se não fosse tal lerdeza, da parte dele...
Entre Maricá e Rio, em dias normais de trabalho, gasta-se pelo menos duas horas, com o trânsito insuportável da Alameda, e a passagem pela Ponte Rio-Niterói, locais onde sempre há engarrafamento dos veículos, principalmente pela manhã...

Bem, chegamos à rodoviária do Rio, onde nosso romance começou, e ele lembrou disso com a frase:
_ De volta, onde tudo começou...
E eu disse:
_ É meu amor, onde te conheci finalmente!
Começamos à caminhar na direção da feira, pois adoramos caminhar...
Outro casal teria pego um outro ônibus até a referida feira, mas não a gente...
Somos andarilhos, até nisso combinamos, porque adoramos longas caminhadas!
E é verdade: as botas que eu calçava, não eram adequadas para caminhar, mas mesmo assim, com aquele tempo de chuva, só de botas mesmo...
Até porque, os motoristas teimam em passar pelas poças d'água e molhar tudo...
Seguimos conversando, até chegarmos. Deparamos com a bilheteria sem ninguém para atender, mas como era nossa primeira vez ali, não sabíamos que até as 10 horas era grátis, a entrada...
E como chegamos cedo, não pagamos...
O som do baião era alto, em homenagem ao Luiz Gonzaga, e havia uma comemoração para ele, fiquei na dúvida, se era sempre assim, ou se era apenas naquele domingo a tal homenagem...
Bem, haja visto, uma estátua dele na entrada do Pavilhão de São Cristóvão, deve ser sempre assim então, concluí...
Assim que entramos, percebemos uma senhora loura, bem magra, dançando um xaxado, ou baião sei lá...
Ela se exibia mesmo, deu para perceber que queria que a notassem, pelo menos os turistas que por ali passavam no momento...

Eu estava encantada com tudo, afinal, mesmo sendo de descendência lusa, pela parte de meu pai, tenho as minhas raízes nordestinas também, graças à minha mãezinha.
Deu saudades do tempo que passei férias em Pernambuco, comendo tapioca ( bejú ), bolo de puba, e usando aqueles vestidos com renda de birro, que comprei na feira de Caruaru...
Voltei em minutos, àquelas férias no nordeste...
Estava tudo ali: o artesanato colorido, os pratos típicos, as rendas, os brinquedos que produzem artesanalmente, as bebidas muitas vezes exóticas e afrodisíacas ( o que acho super válido, serem vendidas ali ), as bonecas de pano que chamavam de "bruxas', etc...
Um paraíso para os olhos dos turistas! Diga-se de passagem, haviam muitos, mesmo com o domingo ameaçando chuva! Gente de toda parte do Brasil, e porque não dizer do mundo?

Estavam ali, turistas estrangeiros também, eu notei nitidamente...
Como observadora que sou, sentei em uma das lojas de pratos típicos com meu amor, e ele tomou uma cerveja ali, porque eu, já havia comido a minha tapioca com café preto, em outra lojinha...
Assim, comecei a minha tarefa de observação:
Percebi um grupo de pessoas, vestidas de blusas azuis iguais, que andavam pela feira de mãos dadas, formando uma corrente, muito longa, por sinal...
Entre elas, passou uma mulher de touca branca, apressada, na direção do palco das apresentações de música nordestina, como o baião, o xaxado, o forró..
Fábio e eu, levantamos dali, e recomeçamos a nossa visita pelo Pavilhão da feira...
Passamos por várias lojinhas de artesanato, onde em uma delas, meu amor, comprou uma pulseira para mim, eu adoro essas coisas rústicas, e ele sabe...

Depois, de muito andar, e duas cervejas pretas, que tomamos, fomos então embora, para a outra feira: a de usados, bem perto dali, do Pavilhão...
Atravessamos a rua, e já avistamos a outra feira...
Um tumulto de gente pra lá e pra cá...
Seres humanos em contato direto com a poluição sonora... Um som altíssimo, que mal conseguia se ouvir o que outra pessoa lhe falasse...
Quase rompi meu tímpanos!
Dali, devem sair pessoas surdas todas as semanas, pelo menos quem trabalha aos domingos...
Compramos alguma coisa, e fomos embora, o barulho era ensurdecedor demais, para meus ouvidos serem sacrificados...
Saímos dali, e caminhamos um pouco mais, até uma lanchonete onde Fábio colocou uma música, para escutarmos em uma dessas máquinas...
Depois, fomos embora dali, e pegamos um táxi até o terminal do Castelo, onde finalmente, entramos em um ônibus de volta para Maricá...

Foi um domingo diferente, mas que valeu pelo passeio! E a chuva, esperou que retornássemos até em casa, para finalmente cair pesadamente...
 
Autor
FátimaAbreu
 
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