É um súbito apagar de chamas
um gélido oceano melancólico
que parece arrefecer o instante
e faz do amor que vejo, sombras,
transforma o fogo em gelo
evapora sentimentos como água
cancela sorrisos enaltecidos
então o desânimo vence a alma
o coração já não acredita
nas palavras que falas
e eu custo a crer que sou feliz.
Porque a meiguice de outrora
teima em tornar-se pragmatismo
e a razão domina a emoção
o cotidiano rouba a esperança
a pressa da vida mata o prazer
os afazeres furtam o teu tempo
teu olhar não brilha ao ver-me
o começo em ardor virou poeira
a passagem dos dias em rapidez
arrancou-te d'alma os desejos
e teus braços não mais abraçam
teus lábios esqueceram os beijos
teu calor esfriou, fragilizou-se;
em que parte da jornada
ficaram os fragmentos de amor?
Quero voltar para reavê-los
vou juntá-los em mosaicos
meu ser anela a candura
do primeiro beijo apaixonado
do abraço que nunca terminava
da intimidade que se eternizava
das noites inacabadas, perenes,
da alegria presente em teus
lindos olhos cor de esmeralda.
Não permitemos o paulatino
morrer do amor pelas rupturas
da rotina que leva a paixão
para o mar da amargura
e do esquecimento.
Nosso amor não deve
envelhecer.
Gilbamar de Oliveira Bezerra