Onde estás?
Que não te diviso, que não te vejo,
Quiçá em algum recanto da memória,
Esconda-se feito menina, tua lembrança,
E esta ampulheta,
do tempo célere a escorrer,
a girar os ponteiros,
E agora em que estação irei procurar-te?
Nos inúmeros cruzamentos
por onde passa a composição
de violino ou no piano,
Já se foi a primavera
A neve derreteu, as cachoeiras vertem seu manto
Os lagos brilham, refletem feito espelho
Mas não surge tua imagem, onde está tua presença?
Os pássaros entoam seu canto do poente
No horizonte brincam nuvens, como lençóis a estender-se
Para teu suave repouso madrigal
Aponta solitária estrela Dalva, a Vênus no firmamento, serás tu?
Só quando por fim adormeço,
Em meus sonhos te encontro,
Em sonhos lindos,
Em campos floridos, és a flor mais perfumada.
Mas que curto sono, dele logo venho despertar,
Na luz do sol nascente que desponta,
Como indagas por esta procura insana, se tenho que aguardar cada noite?
Se tu vens faceira a cada noite percorrer meus sonhos?
AjAraújo, o poeta humanista, inspirado na composição de Debussy "Clair de Lune", escrito em Setembro (1994-2002).