Não semeio árvores!
Assisto ao seu nascimento,
Impávido, sofredor das fragilidades
Surpreendentes. Duas folhas apenas!
Brotam heróicas sementes ao acaso,
Entregues pelos ventos e tempestades,
Germinando na crosta do tempo...
Procurando o imperceptível crescimento,
Testemunho desesperada sensibilidade,
Tacteando a energia do raio de sol,
Engrossando a força. Raiz, tronco,
Ramos e folhas - corpo da compassividade-,
Flor, e fruto até, de quando em vez...
Tem também arbustos e plantas rasteiras,
Afirmando individual personalidade,
Que nem só árvores tem a floresta.
E morrendo, elas e outros habitantes,
Em tragédias prematuras ou natural idade,
Geram recantos de dinâmica oportuna.
Não semeio árvores. Concretiza apenas,
O meu punho, os dramas e casualidades
De uma floresta. Acompanho o seu medrar,
Sorvo-lhe a luz e o odor, temendo o nocturno,
Povoado de cruéis e horrendas bestialidades.
Habito aí, em espírito, muito mais que aqui!
Boa semana!
Garrido Carvalho
Dezembro '09