Poemas : 

Habitante da Floresta

 
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Não semeio árvores!

Assisto ao seu nascimento,
Impávido, sofredor das fragilidades
Surpreendentes. Duas folhas apenas!
Brotam heróicas sementes ao acaso,
Entregues pelos ventos e tempestades,
Germinando na crosta do tempo...

Procurando o imperceptível crescimento,
Testemunho desesperada sensibilidade,
Tacteando a energia do raio de sol,
Engrossando a força. Raiz, tronco,
Ramos e folhas - corpo da compassividade-,
Flor, e fruto até, de quando em vez...

Tem também arbustos e plantas rasteiras,
Afirmando individual personalidade,
Que nem só árvores tem a floresta.
E morrendo, elas e outros habitantes,
Em tragédias prematuras ou natural idade,
Geram recantos de dinâmica oportuna.

Não semeio árvores. Concretiza apenas,
O meu punho, os dramas e casualidades
De uma floresta. Acompanho o seu medrar,
Sorvo-lhe a luz e o odor, temendo o nocturno,
Povoado de cruéis e horrendas bestialidades.
Habito aí, em espírito, muito mais que aqui!


Boa semana!


Garrido Carvalho

Dezembro '09
 
Autor
Garrido
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 14/12/2009 17:17  Atualizado: 14/12/2009 17:17
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: Habitante da Floresta
Fortíssimo esse poema, de um bom gosto indiscutível.
Beleza a perder de vista! Parabéns!