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I

Encilho a montaria
e me preparo
para transpor
os limites do acaso.

O destino é certo
ou mutável?

Não importa
ao cavaleiro destreza sobra
e não há caminhos
sem percalços.

II

Já no alto da montanha
extenuado me sentei
mas o que vi não foi
o encanto
da paisagem que se descortinava
como fio inesgotável
de um belo novelo mágico.

Preso ao meu feito
de a montanha ter galgado
desprezei recomendações
e saciado meu ego
adormeci embriagado.

III

Uma lufada de vento
derreava os arbustos
e açoitava o cavalo
que assustado se soltou
e varreu o espaço
com o seu galope ágil.

Acordei sobressaltado
tendo à frente o paraíso
que só agora notava.

IV

Já extasiado da beleza
voltei à realidade
e tencionei retornar.
Foi então que me lembrei
de que trilhas não demarcara.

Mas afoito quanto ingênuo
(o instinto guiaria os meus passos)
vi-me perdido na planície
que abria as suas asas
numa imprevisível cilada.

V

Resgatado com vida
com as vicissitudes
aprendi nada
e teimoso cavaleiro
planejo novas jornadas.

 
Autor
Massari
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Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 13/12/2009 00:38  Atualizado: 13/12/2009 00:38
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Localidade: Aguiar, Viana do Alentejo
Mensagens: 2118
 Re: Ciladas
É pena que estes textos se percam no meio de outros menos "importantes". Não sendo pertença de autores "normais" do circuito, passam ao lado das leituras.
Dito isto, sublinho o texto por tê-lo achado muito interessante, de bom gosto e com muito sabor a poesia. É um texto tão cheio de imagens que o consegui visualizar. Gostei.
Aponto, talvez, como nota menos boa, o uso parcial de pontuação. Parece-me que não resulta muito bem.

Valdevinoxis