Amotinaram-se as palavras
que trago encerradas no peito,
recusam-se a soltar as amarras
e a sair alinhadas a preceito,
recusam-se a ser verso de poema
ou letra de uma qualquer canção,
recusam-se a dar voz ao dilema
e a tomar o partido do coração.
Amotinaram-se as palavras
que uso para falar do que calo,
recusam-se a ser linhas malfadadas
onde me perco, me afundo e me ralo,
recusam-se a ser o meu abrigo
ou o refugio dos meus medos,
recusam-se a ser poema sentido
que me nasce na ponta dos dedos.
HP/