Trabalhar uma vida inteira,
Para algo conseguir ter.
E não arranjar maneira,
De isso conseguir obter.
Faz-te dores de cabeça,
E o teu corpo desfalece.
Por mais estranho que pareça,
Isso ás vezes acontece.
É sina de todos nós,
Ou senão da maioria.
Já no tempo dos meus avós,
Era isto que lhes sucedia.
Mas trabalhavam a valer.
A vida toda até á morte.
Ganhavam só para comer,
E já era uma sorte.
Fosse á chuva, ou ao orvalho,
O trabalho, muitos não viam.
Era sorte ter trabalho,
Nos tempos que se viviam.
Muita coisa já acabou,
Mas outras ainda não.
E o que nunca mudou,
Foi a riqueza do patrão.
Á espera é que eu não fico,
Disto um dia me acontecer.
Porque se o patrão é rico,
Eu também devia ser.
É um direito que me cabe,
O procurar a riqueza.
E só quem na vida nada sabe,
É que vive na pobreza.
Todos querem viver bem.
Mas também é preciso sorte.
A sorte vai, a sorte vem,
E é assim até á morte.
Há que sabê-la aproveitar,
Quando a sorte está de maré.
Há que sabê-la procurar,
E nunca perder a fé.
Se por acaso, o azar lhe calhar,
Duma coisa nunca se esqueça.
É que só a trabalhar,
Não há ninguém que enriqueça.
Porque nós nunca sabemos,
Quando é que vem a sorte.
Só sabemos que morremos,
Quando até nós vem a morte.
zeninumi 4/7/2007
zeninumi.