Era uma vez um tio
Com umas unhas de fome
Tão rombas como o fio
Da tesoura que é seu nome...
(pois, era o Tio Tesouras...)
Mas um Natal, já velhinho,
E com um pé preso à cova,
Decidiu ser bonzinho
E entrou na loja nova
(dos chineses, que abriu agora...)
Ele presentes, havia!,
Só que o pobre do tio "Scrooge"
Descobriu que não sabia
Que alí quem compra não muge!
(não há direito a desconto!...)
Mas como até era Natal
E ele estava c'os pés pra cova...
Lá conseguiu afinal
Pôr a generosidade à prova...
(O chinês não era tonto!...)
Depois de cheio o carrinho
De plástico moldado em cores
De carros e soldadinhos
De bonecas e lavores...
(a conta subiu-lhe à cabeça...)
...O pobre do tio Tesouras
Já suava e esguedelhava,
Mas o chinês sem demoras
A solução encontrava!...
(mas que brincadeira é essa?...)
Foi logo tratando o tio
Por unhas de fome e tal...
Mas pensando com mais tino
Chamou-o de Pai Natal...
(aí vem manha!...)
Com melosa intenção
E o seu melhor sorriso
Gabou-lhe o ar de ancião,
As barbas e até o siso...
(ah, e a barriga de banha...)
Disse-lhe que a honra era dele
Por atender tal figura
O Pai Natal, em carne e pele,
E no olhar, que ternura!...
(o tio já se babava...)
Gabou-lhe a generosidade,
Vendeu-lhe um gorro e tudo!
Que até, de tanta vaidade,
O tio Scrooge ficou mudo!...
(e O chinês só somava...)
No fim das contas, o velho,
Lá abriu os cordões à bolsa,
Satisfeito porque ao espelho
Já via às costas a trouxa!
("Hein?... Não pareço o Pai Natal?...")
E até conseguiu um desconto,
Que o chinês, à socapa,
Tirou-lhe um livro de contos
Que já entrara na saca!
("então?... não é justo, afinal?...")
E lá foi o tio Tesouras
Pelas ruas da cidade
A distribuir até desoras
Um pouco de felicidade...
(mesmo plástica, mas então?
para quem nunca deu nada,
estender uma franca mão
dá uma alegria danada!...)
É coisa pra experimentarem, tios Tesouras!...
T.T