Poemas : 

Queria quem sabe poder chorar

 
Queria quem sabe poder chorar,
mas me faltam forças.
Lembranças invadem minha mente,
à solidão fortalece o desespero,
ah! à insignificância do não ser,
retarda os pensamentos,
deixando apenas o vazio.
Ah! Essa insignificância que nos leva a loucura,
esta plena loucura, que retarda o futuro.
Não se vê solução. E a covardia não nos deixa,
acabar. Buscando o que é inevitável.
Nossa única certeza, não poder acabar com a dor.
Maldita dor que não há remédio, nem cirurgia que possa curar.
Tão pouco a solução, que esta tão próxima, nos é negada,
pela a indiferença.
Pena não poder ter terminado no parto,
pena ter sido o vencedor dentre os espermatozóides.
Não queria ter adentrado aquele óvulo.
Teria sido melhor.
Ter deixando um outro que ao menos,
teriam esperança.
Maldito dia.
Maldita vida.
Quantas vezes pensei em terminar,
pena fui covarde, sou covarde.
Nove meses de agonia minha mãe sofreu.
Toda sua luta foi em vão.
Que recompensa ela teve me criando.
Criando um ser “negro”, obscuro.
Queria não ter introduzido aquele óvulo.
Acho que seria melhor.
Ou quem sabe morrido após o parto.
Sua dor seria grande, mais passageira.
Viriam outros filhos, logo seria eu esquecido,
em algum pequeno jazido empoeirado,
deteriorado pelos anos.
Não haveria lembranças boas de mim.
Não haveria principalmente lembranças ruins.
Ah! Como queria não ser.
Ser apenas uma lembrança do que não fui.
Queria quem sabe poder chorar!

 
Autor
aleys
Autor
 
Texto
Data
Leituras
633
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.