I
Onde que jaz
A dor e o sofrimento
A cor e o tormento
Aonde que faz?
Nos tempos do cólera
A violência que gera
Rebentos no asfalto
Corpos no basalto
II
Aonde se vai
Na neve que cai
Na verve do artista
Ampulheta que se esvai
III
Natal
Consumo fatal
Cristo, imagem imortal
Enfeita a ceia mortal
IV
Ruas gargalos
Sonhos alados
Carros financiados
Estressados enjaulados
V
Norte sacia a sede
Légua tirana, no velho pote
Sorte chove na campina vede
Milho em boneca, feijão em flor, já dá um mote.
VI
Sinal
Onde não se pára
Sempre se avança afinal
Pedestre não acelera
VII
Fuga
Do plano, do problema
Mente que luta, na correnteza afoga
No mar revolto da dúvida, um dilema
IX
Paro ou sigo,
Apago ou respingo,
Afago ou rogo
Amarro ou prossigo
X
Pressinto
Um instante de tensão
Um passante sem atenção
Um acidente previsto
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em 2008.