Entrou na minha casa com o ar feliz
De quem espera encontrar companhia
Sentou-se numa cadeira a meu lado
Para me dar contas do nosso dia
Pousou a mão fria sobre o peito
Deu-me um beijo no rosto
Afagou-me os cabelos desgrenhados
“O que tens é o que és”
Concluiu ao meu ouvido
Cansado de tanto silêncio
A noite fria embrulhou-me
Numa espécie de torpor
Melancólico e distante…
Só como as sombras
Sorrio para as paredes
Do delírio
Só
Afugento a loucura
Com ramos de palmeira
E arruda
Só
A estrada tão curta…
António Casado
5 Dezembro 2009