Uma estrada se rasga num horizonte qualquer de vidas
E vidas se constroem ladeando a estraga rasgada
Enquanto no anoitecer enluarado dos dias
Sonhamos na beira da vida, na beira da estrada.
Sonhamos melancolias, sonhamos à revelia
De nossas vontades, de nossas idades, de nossas veleidades
E, enquanto sonhamos, a vida passa correndo pela estrada que foi rasgada
E que traz e que leva gentes, tristes ou contentes
E que nos observam, parado, na beira do caminho
Escolhendo infinitamente a esquina a dobrar
A encruzilhada a escolher, enquanto os outros se vão.
Descobri que a estrada rasgada teve minhas mãos nela
Nas picaretas, nas pás, nas enxadas, nas direções de caminhões
Que fizeram as pontes e me ligaram a outros caminhos, coloridos,
Direcionados para rurais estados, para capitais cidades
Para universidades
Para um mundo que eu mesma devo colorir
Enquanto tenho mãos e tintas e olhos e vontade para pintar um sete
Um dez ou um mil, quem sabe, de alegrias e amores e flores
E família e bocas se beijando infinitamente
Na descoberta do Amor!
Lucy