À guisa de aves errantes
buscando o infinito, também nós,
quiméricos racionais caminhantes
vamos ao lado de outros, mas a sós
O trajeto é longo, melancólico,
estrada que nunca leva a nada
vislumbre enigmático, bucólico,
e as mentes seguem arrasadas
Aqui e ali alguns sorrisos
há quem dê sonoras gargalhadas
todos sonham com paraísos
mas só vemos manhãs desprezadas
São tantos os que caem andando
embora amados, ficam no caminho,
os demais devem seguir caminhando
semeando sonhos, pensando carinho
Quem sabe por que cá estamos?
Todos buscamos a grande verdade
será que um dia a encontramos?
Qual seja ela senão a realidade?
Assim, lá vamos nós desnorteados
a lembrar aves voando sem rumo
carne e sangue vãos, desencontrados
multidão que jamais encontra o prumo
O futuro, sabemos, tem o mesmo tema
um epílogo que sempre é inesperado
ainda que da vida seja grande lema
para nós nunca é fato consumado
Mesmo sabendo o que adiante o espera
o ser humano insiste em sobreviver
e malgrado a velhice que o degenera
nessa jornada ninguém deseja morrer
Gilbamar de Oliveira Bezerra