Sempre li e ouvi dizer que o poeta é um ser diferente. Que é um sonhador, um fingidor, inventor de histórias, eu sei lá que mais!
Eu, quando ouvia falar assim, ria. Para mim o poeta não era nem mais nem menos que um homem normal que sabia escrever diferente, que tinha as histórias na cabeça e que as sabia transportar para o papel com saber, com amor e com o entusiasmo e o prazer de o fazer.
Anos passaram e um belo dia, já tinha 57 anos, em brincadeira com o meu sogro durante uma partida de pesca, enquanto o peixe não mordia o anzol, deu-me na cabeça de tentar escrever uma brincadeira, brincadeira essa que foi um sucesso de risota.
Tomei gosto, continuei durante esse tempo, estava de férias e ia escrevendo uma brincadeira para aqui, outra para lá, e no ano seguinte primeiro ataque cardíaco que me atirou para a invalidez.
Habituado à vida activa, o tempo passava penosamente. Peguei num papel e numa caneta e recomecei a escrever.
Escrevi então o VAMOS LÁ VIVER e o Grupo Zimbro aproveitou essa canção, editou-a e titulo deu o nome ao álbum.
Como é de calcular fiquei louco de alegria, outros se seguiram que o Zimbro também editou em CD.
E nesse momento pensei: serei sonhador? Inventor? Serei louco? Não tinha resposta, pois que eu até e ainda hoje não me considero poeta, não me considerava sonhador nem nada que se parecesse
Continuei a escrever para um site francês, JEPOEME e acabei por conhecer o Luso -Poetas, onde publiquei o meu primeiro poema mo dia um de Dezembro de 2007 A NOITE
Depois continuei sempre aprendendo com todos os poetas e poetizas do Luso e acabei de reconhecer que na verdade há poetas loucos. Loucos não pelo que escrevem mas o que escrevem dá a impressão que é para se auto-convencerem daquilo que não são e quiçá tentar convencer quem os lêem.
A. da fonseca