NO BOSQUE DA POESIA
Onde a lua passeia envergonhada
entre os ramos dos ciprestes
Sinto a brisa das vidas passadas
a soprar-me versos de amor
Fic'a mente de tal forma enlevada
( que da razão há pouco que me reste)
até que desperte a nova alvorada
e venha o sol envolver-me em calor
De tão sonhar assim inebriado
vejo formas que se fundem ao redor
Um casal de amantes abraçados
a viajar nas brumas do tempo
Quem me dera fosse eu o namorado
da donzela perfumada com'a flor,
Viver a eternidade ao seu lado
como se fosse o primeiro momento
Mas eis que no horizonte rompe o sol
e desperta-me de minhas fantasias
Até que venha, outra vez, o arrebol
e eu volte então ao bosque da poesia.
Jorge Linhaça
Arandu, 30 de novembro de 2009